Ciclo de Rancor romance Capítulo 785

Como demorou para dormir, Deirdre só acordou ao meio dia.

Quando Tobey se aproximou, a jovem perguntou, sentindo-se um pouco envergonhada:

― Por que você não me acordou? ―

― Eu sabia que você não tinha descansado muito ontem à noite, então achei melhor te deixar dormir um pouco ― disse Tobey. ― Mas, você não pode comer nada agora. Você aguenta? ―

― Não se preocupe. Eu vou ficar bem. ―

De qualquer forma, Deirdre não estava com fome. Por isso, depois de fazer as malas, foi para a clínica com Tobey, em um táxi.

Quando a enfermeira viu Deirdre, já sabia qual o procedimento que seria realizado e, com um olhar triste, a conduziu para dentro. Embora fosse apenas uma pequena clínica, muitas pessoas iam ali para fazer aborto de maneira discreta. Deirdre era a segunda, então esperou no banco do corredor.

Estava bastante frio na clínica e Tobey acariciou a cabeça dela, dizendo:

― Vou buscar uma almofada térmica para você. Espere por mim. ―

― Tá bem. ―

O barulho nos arredores ficou mais alto, depois que Tobey saiu, e tudo pareceu mais assustador. Em algum lugar, uma mulher estava chorando e uma idosa a repreendia:

― Eu disse para você ficar longe dele, mas você não quis ouvir! Você acha que por ser jovem pode fazer com que ele te ame para sempre? Que ingênua! Ele não merece você de jeito nenhum! ―

A mulher cobriu o rosto e disse histericamente:

― Mas eu o amo! Ele se casou comigo também, então por que está fazendo isso? ―

― Você ainda não entendeu? A razão pela qual ele se casou com você foi por querer a fortuna de nossa família! Agora que nossa família acabou, ele abandonou você e exigiu que você abortasse a criança. ―

Deirdre sentiu como se alguém a estivesse esbofeteando, enquanto ouvia o que a idosa dizia. Ela sentia como se a mulher a estivesse repreendendo também. O bom era que a outra jovem ainda poderia se recuperar e voltar a engravidar. Mas e ela?

― Por favor, Kenneth, você pode, por favor, não fazer isso comigo? Eu imploro a você. Eu prometo a você que farei o que você quiser, de agora em diante. Por favor, deixe-me ficar com o bebê, por favor... ―

A jovem grávida implorou, em lágrimas, e Deirdre fechou os olhos, consumida por sentimentos intensos. A mulher se parecia com ela, três anos atrás. Covardes, ridiculamente ingênua e teimosa.

― Já basta! ―

Antes que o homem chamado Kenneth pudesse dizer qualquer coisa, Deirdre interveio com raiva:

― Para com isso, mulher! Ergue a cabeça! Pare de implorar para outras pessoas. Você ainda tem sua família. Você ainda tem pessoas que cuidam de você, então por que tem que fazer isso consigo mesma? ―

A grávida ficou atordoada por um momento e ainda não sabia o que falar, mesmo depois que o homem desligou a ligação. Seus olhos estavam vermelhos quando ela rosnou:

― Você não sabe de nada! Só porque você tem um marido que se importa, ama você e está disposto a fazer um aborto com você, você acha que todas as outras mulheres neste mundo estão bem? Você não sabe nada sobre a minha dor! Você não tem o direito de apontar o dedo para mim! ―

― A dor que você sente agora é temporária. Você pode se sentir triste e desconfortável ao deixá-lo. Mas você vai passar por isso gradualmente. Nessa hora, haverá um mundo mais amplo para você, e você perceberá o quão ridícula foi por se importar com um homem que nem ao menos te ama. ― Depois de respirar fundo, Deirdre concluiu: ― Controle-se. Pelo menos seus pais ainda estão com você. Pelo menos sua vida ainda não está arruinada. ―