Um leve sorriso sombreou os lábios de Brendan.
― Obrigado pelo apoio, mãe ― e cada palavra era repleta de sinceridade.
Entretanto, sem dizer nada, a matriarca apenas deixou a sala de reuniões.
Mas a polêmica não acabou por aí. O discurso de Jensen levantava uma tempestade e enquanto Brendan fechava seu laptop, Cormac comentava:
― Tenho a sensação de que Jensen planejou tudo isso, até o pequeno discurso que fez. Ele até tem fotos do cotidiano da senhorita McQuenny em sua mansão. ―
― É a única maneira daquele covarde permanecer vivo, depois de ter cavado a própria sepultura ― Brendan resmungou, com frieza. Dor parecia estar perfurando sua têmpora, encorajada pela pura torrente de imbróglios que se rebelavam contra o controle do magnata. ― E Deirdre? ―
― O senhor Declan está trabalhando arduamente para que ela seja liberada ainda hoje, mas... acho que ainda está detida. ―
― Certo. Peça para Sam preparar o carro, eu vou vista-la. Ela deve estar assustada. ―
-
Era a tarde. A jovem acariciava as roupas que terminava de dobrar, enquanto esperava pela polícia. Então a porta se abriu e ela ouviu seu nome.
― Deirdre McQuenny? ―
Ela se levantou e, levando as roupas com ela, seguiu a policial. Entretanto, ao invés de conduzir a jovem para fora da delegacia, a policial a levou para uma sala com outras mulheres e a trancou.
― Espere! ― a jovem gritou, agarrando-se às barras, em estado de choque. ― Eu pensei que seria liberada! ―
Sem se virar, a policial a repreendeu:
― Depois que Charlize McKinsey acusou você de tentativa de assassinato e toda a opinião negativa que isso resultou, você realmente achou que o juiz concordaria com a fiança? Até parece! Você pode querer fugir e ninguém vai embora até que cheguemos ao fundo disso. Enquanto isso, você fica com elas. Talvez aprenda alguma disciplina. ―
O coração de Deirdre afundou. Opinião negativa? O que isso deveria significar?
Ela mal teve a chance de continuar a pensar pois, depois que a policial deixou a detenção, Deirdre se viu cercada por quatro outras detentas.
― Então, essa é Deirdre McQuenny de quem tanto ouvi falar? Não é de admirar que tenha ficado na suíte privada deste buraco de merda. Eu sei que você é a amante de Brendan Brighthall, mas caramba, você nem é tudo isso. ―
― Olha que coisinha mais frágil, se espremendo no canto! Espera, ela é cega? Caramba. Eu não sabia que o figurão gostava desse tipo de coisa! Pervertido, Brighhall! ―
― Por que diabos ele é seu amante? Ela nem é lá essas coisas! Já a outra parece bem ser um mulherão e não merece perder para alguém assim! Devemos equilibrar o universo nós mesmas, certo? ―
Deirdre já havia passado por coisas assim na prisão, então ela sabia exatamente o que aconteceria a seguir, por isso gritou a plenos pulmões:
― Socorro! Alguém me ajuda! ―
Mas ignorando seu apelo, uma das detentas a puxou pelo cabelo e deu um murro em seu rosto, gritando:
― Cala a boca, vadia! Se alguém vier eu vou te bater ainda mais forte! ―
― Enfie um pano na boca dela! ―
― Ouvi dizer que ela está grávida, então evita bater na barriga, se ela abortar, o juiz vai acabar aceitando a fiança. Vamos bater nas pernas, braços, costelas, costas... enfim, ainda dá para se divertir um bocado! ―
Uma das detentas se absteve e ficou em um canto, apenas assistindo. Mas a violência só parou depois que as outras três se cansaram. Deirdre estava enrolada em si mesma, em um canto e tremendo, mas sua mão ainda estava segurava firmemente seu abdômen, como fez durante toda a tortura. Entretanto, seu estoicismo pareceu ter alimentado a raiva das mulheres que chutaram e bateram nas pernas, braços e costas dela.
Se alguém a despisse... As feridas se exporiam instantaneamente.
Só então a policial voltou para avisar:
― Brendan Brighthall chegou para visitar Deirdre McQueeny..
As valentonas empalideceram, pois a última coisa que esperavam é que alguém poderoso, como o magnata, soubesse do que tinham feito.
Quando Deirdre estava saindo, quando uma delas a ajudou a se levantar e sussurrou em seu ouvido:
― Se você sabe o que é bom para você, mantenha a boca fechada. Ele mesmo está em apuros, querida, então não vai conseguir te salvar ou te tirar daqui. Se você for idiota o suficiente para dizer alguma coisa e nós ficarmos sabendo... Oh... Querida... Você ainda não viu nada! ―
Quase como que para selar a ameaça, a detenta beliscou o braço de Deirdre.
A jovem viu manchas pretas dançando em seus olhos e se sentiu trôpega. Ainda tentava recuperar o equilíbrio quando a policial a escoltou para a sala privativa da delegacia.
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