Ciclo de Rancor romance Capítulo 96

― Como não há ferida na mão do paciente? ― A enfermeira foi pega de surpresa ― A mão está ferida sim, e é muito sério. Não é apenas um ferimento simples, está infectado e descarregará pus à noite. É por isso que a mantemos enfaixada. ―

― Infectado? ― Brendan se levantou do assento ― Quando isso aconteceu? ―

A enfermeira pensou por um momento:

― Na manhã do dia 19. ―

Deirdre dizia a verdade. Ela havia sido ferida na manhã do dia 19. Por outro lado, naquela manhã...

Brendan não pôde deixar de respirar pesadamente quando a imagem de Charlene aparecendo naquela manhã surgiu em sua mente. Ele cerrou os punhos com força e perguntou ansiosamente:

― Como é a ferida!? ―

A enfermeira se assustou, mas não teve coragem de não responder. Ela considerou atentamente, por um momento, antes de apontar para as costas da própria mão e dizer:

― Está ferido aqui, aqui e aqui. São marcas de perfurações. Em uma delas a carne foi arrancada de sua pele e ela sangrava em profusão. ―

‘Feridas de perfuração? Foi o que Deirdre me descreveu...’

A mente de Brendan ficou em branco. Ele fechou os olhos e pensou no rosto choroso de Deirdre quando ela disse em voz profunda:

― ‘Não sou um ser humano para você, Brendan? Você vai parar de me humilhar se eu morrer? O que eu fiz para merecer isso?’ ―

Agora ele entendia que ela estava extremamente magoada. Essa foi a razão pela qual ela chorava silenciosamente enquanto fazia aquela observação. Por outro lado, ele a tratou como uma farsante... como se ela estivesse fingindo e chorando por ter sido pega na própria mentira.

Ele sentiu o peito apertar de dor, sem motivo aparente. Ele então sentiu uma emoção incomum surgindo em seu peito que não conseguia descrever. Por isso, cerrou os punhos, quando disse:

― Eu também vou entrar. ―

― Claro... ― A enfermeira abaixou a cabeça timidamente, depois de ver o rosto perfeito de Brendan. Ela entrou no quarto e acendeu as luzes.

Deirdre não estava mais chorando, mas seus olhos estavam abertos e não havia como saber o que ela estava pensando.

A enfermeira disse:

― Senhorita, estou aqui para cuidar de sua ferida. Desculpe pelo atraso. O hospital está lotado. ―

― Está bem. ― O olhar de Deirdre continuava abaixado quando se forçou a se sentar na cama e ergueu a mão.

A enfermeira removeu o curativo das mãos de Deirdre com habilidade. As pupilas de Brendan se contraíram abruptamente no exato momento em que ele viu os ferimentos.

Aquelas feridas vermelhas e inchadas estavam concentradas em uma massa sangrenta e mole de carne e pele. A visão dos ferimentos era assustadora, pois as feridas estavam infectadas.

‘Isso é doloroso. Só de olhar é doloroso.'

Brendan ainda contava com a possibilidade de Deirdre tramar tudo corretamente e se machucar depois que eles tivessem saído, mas ele percebeu que era impossível, no momento em que viu as feridas. Deirdre não poderia ter feito isso consigo mesma, por mais cruel que fosse.

― Por que as feridas ainda não estão cicatrizando? As mãos são como a segunda face de uma mulher. Seria ruim se o ferimento se transformasse em cicatriz... ― A enfermeira murmurou para si mesma, enquanto embebia as bolas de algodão em líquido antisséptico e limpava as feridas de Deirdre.

O corpo de Deirdre tremia de dor, e Brendan percebeu que havia muito sofrimento no rosto quase sempre impassível da jovem.

― Seja gentil! ― Brendan deixou escapar, sem perceber.

A enfermeira disse inocentemente:

― Estou fazendo o mais gentilmente que posso. Não há nada que eu possa fazer porque o líquido antisséptico é, por natureza, doloroso. ―

Deirdre virou a cabeça para o lado e mordeu o lábio inferior com força:

― Eu não me importo com a dor, por favor, continue. ―

A enfermeira continuou a tratar a ferida, ao ouvir isso.

Deirdre estava encharcada de suor e seu lábio inferior sangrou devido às mordidas durante o processo.

Brendan não conseguiu mais assistir aquilo e disse:

― Pare de se morder, Deirdre. Você quer mais feridas em seu corpo? ―

Então, ele aproximou o braço do rosto da jovem, dizendo:

― Você pode me morder, se não aguentar a dor. ―

Deirdre levantou a cabeça na direção de Brendan com uma expressão branda, mas o homem não conseguiu decifrar o que significava.

Na verdade, a jovem estava zombando dele, por ser tão pretensioso. Então, manteve aquela expressão branda até que o curativo fosse concluído.

A enfermeira também estava suando, mas principalmente devido ao olhar aterrorizante de Brendan, que parecia pronto para matá-la se Deirdre soltasse mais um gemido de dor.

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