― Mostre suas mãos! ― Brendan disse, parado na frente da janela. Seu rosto impecável irradiava frieza. Ele falava em um tom privado de sua gentileza anterior.
― O que... o que aconteceu, Bren? ― Charlene estendeu as mãos, com uma risada forçada ― Por que você está falando tão sério? Você está me deixando nervosa. ―
Brendan examinou as unhas dela. Fazia apenas dois dias desde o incidente, então suas unhas ainda não tinham crescido muito. Elas eram aparadas em stiletto, o que as deixava afiadas, como as de um gato. Se ela cravasse as unhas na carne de alguém, seria considerado misericordioso para a vítima apenas sofrer as perfurações e não perder pedaços de carne.
― Você fez alguma coisa nas suas unhas? ― Brendan perguntou, com os olhos semicerrados.
― Como? ― Charlene puxou as mãos para trás, com a consciência pesada ― Eu não tenho certeza. Fui na manicure, há dois dias. Talvez elas tenham sido polidas? ―
― Você causou o ferimento nas mãos de Deirdre? ―
Todo o sangue foi drenado do rosto de Charlene e seu coração disparou. Ela não esperava que Brendan mencionasse um incidente ocorrido alguns dias atrás. ‘Como Deirdre foi capaz de fazer isso? Eu a subestimei?’
― Ferimento? ― Charlene respirou fundo para se acalmar e depois disse, com ansiedade fingida ― Ela se feriu de novo? Como? Ela está bem? ―
Brendan não respondeu, mas apenas olhou para Charlene, que ficou atordoada por um momento. Mas, seus olhos ficaram vermelhos de lágrimas:
― Bren... Por que você está me olhando assim? Você não pode pensar que, de alguma maneira, eu a machuquei intencionalmente, está? ―
Brendan respirou fundo, pois estava no limite de sua paciência:
― As mãos de Deirdre estão cobertas de feridas infectadas. Feridas em forma de perfuração. A lesão aconteceu no dia 19. Dia em que vocês duas deram as mãos. ―
O rosto de Charlene ficou terrivelmente pálido e sua voz ficou trêmula:
― Bren, você está suspeitando que eu a machuquei? Você acha que eu perfurei as mãos dela, de propósito? Por que você pensaria isso de mim? Eu sou uma mulher tão ruim assim pra você? ―
Brendan havia se recusado a acreditar nisso no passado, mas a resposta era aparente agora.
― Peça desculpas a ela. ―
― Bren... ― Charlene entrou em pânico, com os olhos cheios de lágrimas ― o que está acontecendo? Você nem vai me dar a chance de me explicar. Se eu realmente a machuquei, por que ela não falou nada no dia? Você já decidiu que eu errei, mesmo sem investigar o assunto? ―
Lágrimas escorriam por seu rosto e, antes que Brendan pudesse falar, ela soluçou e disse:
― Eu entendo agora. Tenho certeza que ela te chamou aqui e fez uma cena, certo? Você a ama tanto que me acusaria de fazer isso, mesmo sem ter a menor ideia do que aconteceu, não é isso? Pronto. Tudo bem! Eu vou pedir desculpas! ―
Charlene mordeu o lábio inferior trêmulo e olhou para a mulher na cama. Ela não esperava que um dia precisaria se desculpar com Deirdre e odiava que isso estivesse acontecendo.
― Não tenho ideia do por que você está colocando a culpa em mim, Deirdre. No entanto, devo tê-la ofendido, de alguma forma e, por isso, sinto muito. Por favor me perdoe! ―
Ao dizer isso, Charlene teve um colapso emocional e saiu correndo da sala.
Deirdre estava muito calma, mas além de sua calma, ela estava um pouco surpresa. Ela não esperava que Brendan fosse tão longe. Não importa o quanto ela pensasse no assunto, fazer Charlene ceder, não parecia algo que Brendan faria.
'O que ele está pensando?'
― Você não vai atrás dela? ― Deirdre perguntou ― Charlene parece estar muito triste. ―
Brendan baixou o olhar:
― Está bem. ―
Não havia outra maneira de explicar esse incidente. No entanto, ele não conseguia entender por que a adorável Charlene faria algo assim.
‘Essas feridas…’ Ele franziu a testa ao pensar nelas.
― Eu disse a você que não sou o tipo de pessoa que não tenta entender uma situação. Farei com que quem estiver errado se desculpe e nunca serei tendencioso. ―
Brendan disse isso de maneira tão convincente que Deirdre ficou ansiosa e inquieta. Suas mãos agarraram o cobertor com força e seu peito começou a arfar.
― Brendan... ― ela disse, de repente ― Você armou meu sequestro e me mandou para a cama daquele homem? ―
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