Confundindo um empresário com um cafetão romance Capítulo 1277

“Mas…”

“Sem 'mas'. Está decidido”, insistiu Carla para interromper a argumentação de Gustavo. Depois disso, instruiu: “Assim que pousarmos, você levará todos os sete homens de volta para Eirópolis. Me ligue assim que descobrir alguma coisa.”

“Irei embora depois de ajudar a acomodar você e as crianças. Você abriu mão da custódia de seus filhos apenas para proteger as filhas do Sr. Lange, então não posso ignorar o seu bem-estar”, ofereceu Gustavo, ainda preocupado.

“Não sou tão boa assim”, respondeu Carla enquanto sorria, “É só que, dadas as circunstâncias atuais, meus filhos estão mais seguros com Zacarias do que comigo. Por isso, também estou fazendo tudo isso por causa deles.”

“Mas se não fosse por nós, poderia ter voltado para a família Pereira. Seria mais seguro para você, e poderia se reunir com seus filhos.”

Gustavo conseguia ver as coisas claramente. A verdade era que Carla estava se sacrificando para proteger as três filhas de Marcelo. De certa forma, a história estava se repetindo. Carla estava protegendo as crianças, assim como sua mãe havia protegido Marcelo tantos anos atrás.

“Oh, pare de enrolar e se comporte como um homem”, disse Carla. Ela mudou de assunto e ordenou: “O sol está nascendo. Deveria descansar agora. Teremos um dia agitado pela frente após pousarmos.”

“Certo”, disse Gustavo. Ele se levantou e fez uma reverência educada para Carla antes de voltar ao seu lugar.

Carla olhou pela janela e ficou olhando as nuvens. Uma emoção complexa a consumia. Quem poderia imaginar que, depois de tantas reviravoltas, eu voltaria para onde tudo começou?

“Não se preocupe, Sra. Lange. Os problemas vão passar, e você não é mais a pessoa que costumava ser. Podemos voltar ao topo depois que tudo isso acabar”, disse Luciana enquanto servia uma xícara de chá quente para Carla.

“Voltar ao topo?”, murmurou Carla antes de um sorriso exasperado e amargo surgir em seus lábios. “É verdade. Os ativos e recursos que Marcelo me deixou, permitirão que eu volte ao topo, mas…”

Carla abaixou a cabeça e olhou para a xícara de chá quente que tinha consigo. Com a voz embargada de lágrimas, ela acrescentou:

“Preferiria renunciar a tudo isso só para ter Marcelo de volta.”

No passado, tudo o que Carla sentia por Marcelo era respeito, medo e apreciação. Não havia amor algum.

Foi por isso que tudo o que ela conseguia pensar era na crueldade dele e em sua ambição quando se reencontrou com os filhos. Carla tinha certeza de que Marcelo não conseguia entender o amor entre um pai e um filho.

Foi por isso que ela estava pronta para deixar a família Lange quando Marcelo perguntou sobre os filhos. Ela presumiu que ele nunca os aceitaria e até poderia machucá-los.

Com o tempo, ela descobriu que, por baixo de sua aparência cruel, havia um coração que batia com mais honra e amor do que qualquer outra pessoa.

Sua crueldade só era direcionada àqueles que ele considerava estranhos.

Marcelo era o tipo de homem que sacrificaria sua vida para proteger as pessoas que considerava sua família.

Quando se tratava das pessoas de quem ele gostava, Marcelo repreendia sem piedade, mas fazia os gestos mais calorosos.

No entanto, Carla demorou muito e passou por muita coisa para entender o quanto ele se importava.

“O Sr. Lange está bem. Acredito que ele continua vivo. Ele tem que estar”, disse Luciana, com os olhos vermelhos de lágrimas.

“Sim, também acho. Por isso, só precisamos ser pacientes e esperar pela sua volta”, concordou Carla. Ela respirou fundo para se acalmar.

“Sim”, disse Luciana, concordando com a cabeça. Depois, acrescentou: “Mas, Sra. Lange, você realmente não vai voltar para a residência Pereira? Não está preocupada com como Rúbens, Jaime e Aline se sentiriam?”

“Itaberaba fica ao lado de Cidade do Sol, então posso visitá-los com frequência. Só espero que eles não me odeiem por causa disso”, respondeu Carla. Pensar em seus filhos inevitavelmente a machucava.

“Por que não fica em Cidade do Sol?”, perguntou Luciana curiosamente. “Não seria ótimo viver mais perto? Assim, todas as seis crianças poderiam brincar e se encontrar o tempo todo.”

“As coisas nunca mais serão as mesmas, então devemos manter nossa distância”, respondeu Carla, enquanto sorria amargamente. “Não importa como será o futuro da Corporação Lange. O fato é que nunca mais poderei voltar para a família Pereira. Além disso, antes de Marcelo partir, me advertiu repetidamente para nunca mais me aproximar de Zacarias.”

“Certo. As duas famílias estão em conflito há gerações, então acho que faz sentido que todo esse rancor não desapareça tão facilmente”, disse Luciana, suspirando exasperada.

“Em conflito…”, murmurou Carla. Sua expressão mudou abruptamente quando exclamou: “Será possível…? Será que a família Pereira tem algo a ver com o desaparecimento de Marcelo?”

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