Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 47

O que estava nas entrelinhas era que mulheres inteligentes demais não eram bem-vistas.

Por isso, ela fingia ingenuidade e humildade, escondendo suas verdadeiras capacidades por anos, apenas para agradar Arnaldo.

Hein...

Késia achava-se ridiculamente tola.

Arnaldo não gostava dela; o que ele apreciava era apenas aquela Késia que servia a todas as suas necessidades como uma ferramenta.

Ricardo não concordava com as palavras da avó, mas não conseguia pensar em um argumento para rebater. Coçou a cabeça e lançou um olhar para Késia, que estava bem próxima.

Ainda bem que essa mulher não entendia, provavelmente não ficaria triste.

Sentiu-se aliviado e foi procurar Vânia.

Vânia tinha acabado de sair para ligar para Pérola e, sabendo que ela já estava voltando, pegou alegremente na mão do irmão e foi brincar na sala de brinquedos.

“Mãe, quero ir ver a senhora idosa.” Késia parou diante de Rosana. “Se Arnaldo voltar antes, por favor, peça que ele vá me buscar lá.”

Rosana a chamou: “Espere um pouco.”

Késia, obviamente, não pensava que Rosana estava preocupada com o fato de uma cega ir sozinha e se colocar em perigo. Voltou-se calmamente, esperando o que Rosana diria a seguir.

Rosana disse: “Fique aqui esta noite.”

Késia não entendeu: “Mãe, a senhora precisa de alguma coisa?”

Rosana apoiou uma das mãos no ombro e girou o pescoço. “Meu pescoço e meus ombros têm doído muito ultimamente. Procurei vários massagistas experientes, mas nenhum tem a sua habilidade de antigamente. Quando terminar de visitar a senhora idosa, volte e faça uma massagem para mim. Não precisa ser muito tempo, como antes, faça por duas horas. Ah, e a Pérola anda ocupada com o trabalho, está com dores nas costas também. Pode cuidar dela um pouco, fazer um ajuste. Hoje, fique para dormir em casa.”

Se tivesse que massagear Rosana e depois Pérola, seriam quatro horas. No dia seguinte, talvez nem conseguisse segurar os talheres.

Antes, toda vez que vinha à casa da família Castilho, Rosana a tratava assim: além de massagear cada uma delas, também precisava fazer acupuntura em Samuel, preparar sachês aromáticos e, no final, restava-lhe apenas as sobras da cozinha e um pouco de sobremesa que elas deixavam no pote, alegando que era especialmente para ela...

Késia recusou sem pensar duas vezes: “Mãe, atualmente não enxergo, fica complicado.”

Dessa vez, chamou em francês.

Rosana arregalou os olhos, incrédula, achando que estava ouvindo coisas.

Mas, no segundo seguinte, os lábios belos de Késia se moveram e saiu um francês perfeito, fluente e elegante.

“Se sou útil ou não, não cabe à senhora julgar. Além disso, independentemente de a senhora me considerar nora da família Castilho ou não, ninguém pode mudar o fato de que sou mãe biológica de Vânia e Ricardo!”

Terminando, Késia saiu apoiada em sua bengala para deficientes visuais.

Rosana ficou imóvel por um bom tempo até recobrar a consciência.

“Essa mulher... Quando foi que ela aprendeu francês? Então, tudo o que falei antes...” O rosto de Rosana alternava entre vermelho e pálido, tomada pela raiva.

“Então, todos esses anos ela fingiu que não entendia! Maldita, ousou me enganar!” Rosana, furiosa, exclamou: “Sem respeito, sem educação! Mais cedo ou mais tarde, faço meu filho se livrar de você!”