Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 50

O jardim da família Castilho sempre se destacou pela sua tranquilidade e elegância; qualquer som, por menor que fosse, era ampliado no silêncio do ambiente.

A apenas três metros da sala de estar, Késia conseguiu ouvir claramente a voz grave e séria de Arnaldo.

“Vânia, o papai vai te perguntar mais uma vez, tudo o que você acabou de dizer é verdade?”

Késia parou os passos imediatamente, prendendo a respiração de forma involuntária, aguardando que a filha respondesse.

Essa reação, aos olhos do mordomo César, que estava ao lado, não foi nada além de um sinal de culpa e medo.

César olhou para ela com desprezo, sem esconder seu desagrado por Késia.

Durante o trajeto até ali, ele já havia dado uma olhada disfarçada na bolsa que Késia carregava no pulso. Embora não tivesse visto com clareza, o brilho do bracelete de diamantes era impossível de ignorar.

Uma pessoa sem classe, sem vergonha, se ocupando de tarefas indignas!

“É verdade...” A voz de Vânia saiu tímida e hesitante, demonstrando confusão. “Ela me acompanhou até o quarto da tia para eu usar o banheiro. Ela me perguntou se a tia tinha muitas joias bonitas. Eu disse que sim, que estavam no armário pequeno ao lado da penteadeira. Depois que terminei, ela me pediu para esperar na porta, disse que queria ir ao banheiro também, e pediu para eu não contar para a tia, porque a tia ficaria brava...”

A voz infantil, tão inocente e desprotegida, parecia incapaz de maldade.

Separada apenas por uma porta, Késia ficou ali, ouvindo com seus próprios ouvidos a filha biológica inventar acusações contra ela.

Cada palavra era como uma lâmina afiada, ferindo-a profundamente, causando uma dor insuportável.

Késia quase não conseguiu se manter de pé; seu corpo vacilou, e por pouco não caiu.

César, ao invés de ajudá-la, afastou-se dois passos com expressão de repulsa.

Ele nunca teve simpatia por Késia e, agora, a desprezava ainda mais.

Trinta anos como mordomo da família Castilho, César acompanhou o crescimento de Arnaldo.

Em sua opinião, alguém tão excepcional como o senhor da casa merecia se casar com uma herdeira à altura, jamais com uma mulher oportunista como Késia, que usou de artimanhas para conquistá-lo.

A família Castilho já havia investigado Késia no passado: a mãe biológica falecera cedo, o pai, que havia se casado por interesse, sumira há muito tempo, e ela fora criada pelo avô, que tinha uma pequena clínica de bairro.

Aquela clínica era pobre e modesta, sem nenhum atrativo para a família Castilho, que nem se interessou em visitá-la.

O encontro entre Arnaldo e Késia foi um acaso: Arnaldo, nascido prematuro e com saúde frágil, foi levado ao avô de Késia por recomendação de terceiros. Ninguém esperava que a jovem Késia mirasse em Arnaldo desde então.

Ele conhecia Késia há muitos anos e tinha plena confiança no caráter dela.

Por fora, ela parecia gentil e calma, mas, no fundo, era alguém de princípios rígidos e dignidade elevada. Jamais se envolveria em furtos ou comportamentos desonestos como aquele...

Vânia já havia ensaiado diversas vezes em sua mente. Tinha convencido a si mesma antes de falar, tornando suas palavras tão convincentes quanto se realmente tivessem acontecido.

Mas a expressão séria do pai lhe causou medo.

Encolheu o pescoço, sem entender por que o pai não estava feliz, nem por que perguntava a mesma coisa duas vezes.

A senhora Geovana estava ferida, e agora seria prejudicada por aquela mulher má, Késia... O pai também estava irritado por causa dessas situações. Agora que tinha a chance de repreender Késia, ele deveria estar ao lado dela, protegendo a senhora Geovana!

“Papai...” Vânia estendeu a mãozinha e puxou delicadamente a manga de Arnaldo, com um olhar tímido. “Vânia falou algo errado? Você está bravo com Vânia?”

Diante da filha, delicada e inocente como um anjo, Arnaldo não resistiu.

Seu rosto suavizou. “O papai não está bravo, só quer confirmar os fatos.”