Depois da Tempestade, Chegou Meu Sol romance Capítulo 8

Do outro lado da noite, as luzes de néon brilhavam intensamente.

Oásis Privê.

O clube privado mais exclusivo da cidade A. Demétrio saiu de lá andando devagar, com uma das mãos no bolso e um envelope de documentos balançando na outra.

A gola da camisa preta estava desleixadamente aberta, revelando uma postura de despreocupação e arrogância típica de quem sempre teve tudo.

Parecia um verdadeiro herdeiro mimado.

Lucas, que o esperava em frente ao carro, apressou-se em ir ao seu encontro.

“Senhor Rodrigues.”

Ele seguia Demétrio há sete anos e, apenas observando sua expressão, já percebera que o negócio daquela noite havia sido fechado com sucesso.

Demétrio jogou o envelope para ele de forma casual.

Dentro estavam vinte e cinco por cento das ações da BrasilPharm Saúde.

“A partir de hoje, a BrasilPharm Saúde passa a se chamar Rodrigues.” Ele curvou levemente os lábios, com aquela voz sempre preguiçosa, mas que não conseguia esconder a arrogância natural. “Rodrigues de Demétrio.”

Lucas comentou: “Amanhã, quando o Senhor Rodrigues souber dessa notícia, provavelmente vai ficar furioso. Ele tentou conseguir a BrasilPharm Saúde por quase meio ano, sem sucesso... Mas, Senhor Rodrigues, o senhor sempre evitou o setor farmacêutico nacional. Por que de repente se interessou pela BrasilPharm Saúde?”

Demétrio lançou-lhe um olhar indiferente, e imediatamente a atmosfera ficou pesada com a autoridade que emanava.

Lucas sentiu um frio nas costas e baixou a cabeça imediatamente: “Desculpe, Senhor Rodrigues, falei demais.”

Apresou o passo para abrir a porta do banco traseiro para Demétrio e, então, lembrou-se de outro assunto.

“Senhor Rodrigues, tudo já foi providenciado no hospital. Os elevadores e as câmeras do andar da Sra. Cardoso já estão desligados, o senhor pode ir diretamente para lá.”

Nos últimos anos, Demétrio morava no exterior. Sempre que voltava ao Brasil, agia de forma discreta, permanecendo apenas alguns dias e partindo assim que os compromissos terminavam.

Mas uma coisa nunca mudava: toda vez que voltava ao país, Demétrio fazia questão de vir à cidade A, visitar uma mulher em um hospital.

Mais precisamente, uma paciente em estado vegetativo.

Certa vez, vencido pela curiosidade, Lucas arriscou perguntar: “Senhor Rodrigues, quem é essa Sra. Cardoso?”

Naquele momento, Demétrio estava lendo documentos e nem levantou os olhos ao responder, com indiferença: “Uma tola.”

Lucas pensou: por uma tola, o senhor faz questão de voltar todo ano ao Brasil e ainda faz um desvio para vir até a cidade A visitá-la?

Mas não ousou dizer nada.

Porém, naquele dia, Demétrio agiu de forma diferente e recusou a visita.

“A partir de agora, não precisa mais ir.”

Lucas ficou surpreso, mas não questionou: “Entendido, vou levá-lo direto ao hotel para descansar.”

“Sim.” Arnaldo respondeu sem alterar o semblante.

Aproximou-se da cama, acariciou suavemente o rosto dela e perguntou: “Por que ainda não dormiu? Fui eu que te acordei?”

Késia percebeu a marca fresca e visível de batom na gola da camisa branca dele. Conseguiu imaginar a cena: ele e Geovana se beijando apaixonadamente, ela aninhada no peito dele como uma gatinha manhosa.

“Vamos, feche os olhos e descanse.” Arnaldo falou carinhosamente, inclinando-se para lhe dar um beijo de boa noite.

Késia sentiu o perfume de Geovana impregnado nele.

Ele queria beijá-la com a mesma boca que acabava de beijar outra mulher!

“Urgh…” Késia não conseguiu mais controlar o enjoo, empurrou Arnaldo bruscamente e começou a ter ânsia de vômito.

“O que houve, Késia?” Arnaldo ficou visivelmente preocupado. “Vou ligar para o Dr. Sampaio agora mesmo!”

Aquela expressão de preocupação parecia realmente a de um marido perfeito...

Se ao menos ela não enxergasse o rápido lampejo de frieza e desprezo em seu olhar.

Késia realmente admirava a capacidade de atuação de Arnaldo.

“Não precisa, Arnaldo.” Késia, recuperando-se um pouco, tateou até alcançar a barra da camisa dele e puxou levemente. “Foi só meu estômago, deve ser fome.”