A neve da Cidade D tinha derretido.
Pela manhã, uma fila de dez carros pretos escoltava Helena e a avó de volta à mansão da família Cunha.
Bruno estava cumprindo o que a avó havia exigido: o mesmo modo que ele um dia foi buscá-la para o casamento, seria agora o modo de devolvê-la.
Independente do final ser feliz ou não, a Helena dela tinha sido uma esposa legítima.
Os carros pretos e reluzentes entraram um a um na mansão da família Cunha e foram parando devagar.
Dentro do carro, em meio à penumbra, Bruno se virou para olhar Helena. Ele não disse nada, apenas estendeu a mão com ternura e acariciou suavemente sua barriga, acariciou o filho deles. Depois, segurou a mão dela, entrelaçando os dedos com carinho e por um longo tempo.
Mas, por mais que doesse, ele teria que deixá-la ir. Tinha prometido à avó que a deixaria livre.
A avó voltou com Helena. David e Agnes já aguardavam do lado de fora.
Agnes, com os olhos marejados, abraçou Helena com força, e apertou a mão da avó, soluçando:
— Oh, meu Deus, muito obrigada, mais uma vez.
A senhorinha segurava a cestinha de bambu e, com um sorriso de avó orgulhosa, respondeu:
— Afinal, Helena é a menina que eu criei com tanto amor.
Agnes passou as mãos pelo corpo de Helena, se certificando de que ela estava bem, mas logo lhe veio à mente o fato de que a filha não podia mais ouvir... E a tristeza apertou ainda mais o peito.
Bruno, ao lado, viu Helena ser levada para dentro da casa pelos membros da família Cunha. Ele não a acompanhou, apenas ficou ali parado, em silêncio, olhando ela voltar para o seu mundo, para a vida que lhe pertencia.
Foi então que Fabrício apareceu de repente e, com um soco, atingiu Bruno.
— Seu desgraçado! Por que naquela noite você saiu da Cidade B? Mesmo que o final fosse o mesmo, não seria igual, entendeu?
Bruno recebeu o soco sem resistir. Ele cambaleou um passo para trás, a testa coberta de suor frio, mas se segurou para não cair. Ele olhou para Helena e, com um sorriso leve, lhe disse com os lábios:
— Estou bem.
Helena o observava em silêncio.
O sol forte refletia nos azulejos da mansão, criando um brilho tão intenso que não conseguiam ver nitidamente o rosto um do outro. Bruno tentou se aproximar para ver melhor, mas Helena se virou e entrou na casa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...