A festa de final de ano do Grupo Glory foi marcada justamente para a véspera do Natal.
Duas da tarde, no escritório da presidência do Grupo Glory.
Bruno estava sentado atrás da mesa, folheando documentos. Com camisa branca e calça social preta, mantinha uma aparência impecável e elegante. Apesar de tudo que aconteceu naquele ano, os lucros do Grupo Glory ainda cresceram 15%, um ótimo resultado.
A secretária Juliana bateu à porta e entrou com uma pilha de documentos para ele assinar.
Depois de colher as assinaturas, Juliana perguntou:
— Sr. Bruno, a foto oficial do departamento de Relações Públicas deste ano ainda não foi definida.
Nos anos anteriores, era sempre uma foto de Bruno com Helena. Mesmo que o relacionamento já estivesse desgastado, ainda era uma imagem bonita e apreciada.
Desde o ano passado, Bruno aparecia sozinho nas fotos.
Ao ouvir isso, Bruno levantou os olhos, como se pensasse um pouco. Depois pegou o celular e mostrou uma foto:
— Use esta. E coloque a legenda...
Juliana se aproximou, olhou a foto e sorriu:
— Que gracinha!
Era, talvez, o jeito mais romântico que o Sr. Bruno conseguia demonstrar.
Juliana pegou a imagem original e levou ao departamento de Relações Públicas. Meia hora depois, saiu o post oficial do Grupo Glory: um par de pequenos sapatinhos de bebê azuis.
Legenda: [Gonçalo]
A empresa inteira logo ficou em alvoroço, todos souberam que o Sr. Bruno ia ser pai, e presumiram que a mãe da criança deveria ser ninguém menos que a ex-Presidente Helena.
Em menos de dez minutos, já havia milhares de comentários, todos parabenizando Bruno.
No escritório, Bruno segurava o celular, passando os dedos pela foto, em silêncio, esperando.
“Será que Helena vai ver? Será que ainda olha o site do Grupo Glory, ainda acompanha as notícias da empresa?~
Ele andava de um lado para o outro, mas no fim, não teve coragem de mandar mensagem para Helena.
Às quatro da tarde, Juliana bateu novamente para avisar que era hora de ir ao centro de eventos, precisavam ir antecipadamente para ensaiar o discurso da festa de fim de ano. Bruno vestiu o paletó e pegou seu casaco preto de cashmere.
No trajeto, quando o carro passou pela praça municipal, Bruno abaixou o vidro e, olhando para fora, viu Helena.
Ela estava sentada em um banco, olhando para a roda-gigante. Mesmo à distância, ele viu o universo repleto de estrelas no olhar dela. Desde a gravidez, ela parecia ainda mais delicada.
— Pare o carro. — Disse Bruno.
Assim que o carro parou, ele desceu sozinho. Juliana não o seguiu.
Bruno caminhou depressa até Helena, se agachou diante dela e pegou sua mão. Foi só então que Helena notou sua presença.
Ele percebeu que as mãos dela estavam frias, então tirou o casaco e o colocou suavemente sobre os ombros dela. Depois, ele esfregou suas mãos para aquecê-las e escreveu com o dedo na palma da mão: [Onde está o Fabrício?]
Ele sabia que, ultimamente, Fabrício estava sempre ao lado dela.
Helena olhou para Bruno, tão elegante naquele terno impecável, e logo percebeu que ele devia estar a caminho da festa da empresa. Ela virou um pouco a cabeça, Bruno seguiu o seu olhar e então viu Fabrício, na fila de uma loja de chá de poba, que estava a maior febre no país. Com a sua altura de um metro e noventa, o rapaz chamava atenção na multidão.
Bruno sentiu uma pontada no coração, mas não disse nada.
O sol poente iluminava seus ombros e o reflexo envolvia também Helena. Antes de ir, Bruno não resistiu e tocou de leve os cabelos dela, dizendo sem som:
— Estou indo.
Bruno não sabia que, a partir daquela partida, demoraria muito para vê-la assim de novo.
Nem imaginava o quanto teria de fazer para um dia poder voltar para o lado dela.
A enorme roda-gigante girava devagar, tingindo as luzes do entardecer como bolhas coloridas, como um conto de fadas antigo.
Helena ficou olhando a silhueta de Bruno. Por um motivo que nem ela sabia explicar, sentiu uma tristeza silenciosa. Como se aquilo fosse uma despedida. Como se fosse a última vez que se veriam assim.
Só que até pronunciar o nome “Bruno” já era um esforço enorme para ela.
Com um leve sorriso, aquecido pelo pôr do sol, Helena parecia em paz.
Fabrício, vendo a cena, enciumado, levantou o copo de chá e disse:
— Bebe logo, senão vai esfriar. — Depois resmungou, quase falando consigo mesmo. — Também não sou feio, não! Um metro e oitenta e nove, tanquinho e tudo mais...
Helena apenas sorria de leve.
Logo depois, Fabrício se sentou ao lado dela e ajeitou o casaco sobre os ombros dela, reclamando:
— Ainda tem um pouco de cheiro de cigarro! Daqui para frente, não use mais roupa daquele homem fedorento, nem que seja o pai do bebê! Ainda posta na página da empresa um “Gonçalo”, que coisa melosa!
O céu já escurecia, com nuvens púrpuras cobrindo o horizonte.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
Acho extremamente injusto só liberar duas páginas minúsculas por dia. As primeiras são maiores agora da 370 em diante são muito pequenas. Não é justo. A gente paga pra liberar as páginas para leitura e só recebe isso. Como o valor que eu já paguei pra liberar poderia comprar 2 livros na livraria...
O livro acabou ou não? Parei na página 363...
Acabou??...
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...