O Jardim de Infância Arte Lebron era o mais exclusivo da Cidade D, a anuidade chegava a exorbitantes duzentos mil reais. As crianças que estudavam ali vinham de famílias extremamente ricas ou muito influentes. Ninguém ousava provocar ninguém.
Helena chegou ao jardim de infância e foi direto para a sala da diretora. Lá dentro estavam duas crianças: uma era Marina, filha de Rui, e a outra era um garotinho bem pequeno.
Ele era baixinho, tinha pele clara e era muito bonito.
Além de bonito, havia algo nele que fazia Helena sentir que ele lhe era familiar. Parecia que ela já o tinha visto antes.
O menino, ao vê-la, fixou os olhos nela, como se quisesse correr até ela, mas se conteve.
Isso porque Marina o segurou. A menina olhou para cima, com os olhos cheios de lágrimas, e falou, toda manhosa:
— Tia...
Helena acariciou a cabeça dela, mas não conseguiu evitar olhar para o garotinho.
Marina se virou, colocou as mãos na cintura e, encarando Gonçalo, declarou:
— Esta é minha tia. Ela vai se casar com meu pai e será minha mãe!
Crianças falavam sem filtro, e Helena não a interrompeu. Apenas acariciou a cabeça da menina e disse gentilmente:
— Ouvi dizer que vocês brigaram. E você ainda fez ele chorar, Marina. Vamos pedir desculpas a ele, pode ser?
Duas crianças que não tinham mães presentes brigaram para defender seu orgulho. Gonçalo era pequeno e não conseguiu vencer Marina, o pequeno acabou chorando.
Marina, por sua vez, venceu a briga e manteve sua dignidade. Ela caminhou até Gonçalo e, com grande magnanimidade, disse:
— Gonçalo, desculpa. Daqui em diante, não vou mais brigar com você. Se alguém te provocar, pode dizer meu nome que eu bato nele por você.
Gonçalo, com os olhos marejados, continuava a olhar fixamente para Helena.
Helena estava em choque. Todo o sangue havia sumido de seu rosto, ela mal conseguia se manter de pé. Não sabia nem ao menos como havia chegado até o pequeno garoto. Ela se agachou, levantando o rosto para olhar aquela carinha familiar. Com os dedos trêmulos, tocou o rosto dele, e sua voz saiu completamente vacilante:
— Você se chama Gonçalo? Qual é o nome do seu pai?
Gonçalo permaneceu em silêncio, mordendo os lábios com força. Havia uma expressão teimosa em seu rosto.
Após um longo momento, ele respondeu baixinho:
— Meu papai se chama "Bonitão".
Helena já estava com o rosto coberto de lágrimas, nem conseguia rir. Ela segurava os ombros de Gonçalo com as mãos, quase certa de que aquele era seu filho. Mas o medo de estar enganada e o receio de assustar o menino a deixavam completamente trêmula. Ela precisava saber, precisava desesperadamente ter certeza: aquele era o seu Gonçalo? O seu Gonçalo ainda estava vivo neste mundo?
Gonçalo também começou a chorar. Ele tinha um rosto delicado e sereno, a pele tão clara e suave que parecia mais frágil que a de uma menina. Era como se ele fosse uma criança feita para chorar. Mas, mesmo assim, ele ainda estava bravo, bravo porque Helena havia abraçado Marina antes.
No meio da tensão, uma professora do Jardim Infantil entrou na sala acompanhada de alguém. Com um tom hesitante, anunciou:
— Gonçalo, seu pai chegou.
Helena ainda estava ajoelhada no chão. Ao ouvir isso, se virou lentamente.
E então, ela viu Bruno.
Ele estava parado na porta, em silêncio, com a luz do sol atrás dele. A claridade fazia com que fosse difícil distinguir sua expressão, mas certamente seu coração estava tão despedaçado quanto o de Helena, cheio de mágoa e assombrado pelas sombras do passado.
Os antigos amantes se encararam. O que havia ficado para trás, ficou para trás.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
O livro acabou ou não? Parei na página 363...
Acabou??...
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...