Bruno assentiu levemente.
Manuel esboçou um sorriso indiferente e se retirou, deixando espaço para o casal cuja relação estava em frangalhos.
Assim que Manuel saiu, Bruno lançou um olhar para a roupa de Helena e franziu ligeiramente a testa antes de dizer:
— Por que você está vestida assim? Volte e troque de roupa. Daqui a pouco vamos juntos para a mansão da família Lima jantar.
Helena sabia muito bem que "jantar", no dicionário de Bruno, significava encenar uma demonstração de afeto.
Tudo por causa das ações nas mãos de Diogo.
Às vezes, Helena sentia que Bruno era um homem contraditório. Sempre mantendo uma postura arrogante e distante, mas, na realidade, mais interessado em lucro do que qualquer um. Um verdadeiro filho do mundo dos negócios.
Ela não se opunha a jogar o jogo. Antes da divisão dos bens, os interesses vinham em primeiro lugar.
Com isso em mente, voltou ao escritório e trocou de roupa, vestindo um conjunto elegante antes de descer pelo elevador privativo ao lado de Bruno.
Dentro da cabine, estavam apenas os dois.
Bruno olhou o relógio e disse, em um tom impassível:
— Depois da conversa com Manuel, imagino que você tenha desistido da ideia do divórcio. Hoje ainda é um dos seus dias férteis. Se prepare quando chegarmos em casa. Se não gosta, eu terminarei o mais rápido possível.
Helena soltou um riso carregado de ironia. Era sempre assim. Quando Bruno falava em ter um filho, o fazia com total frieza.
Quatro anos de casamento. Quatro anos suportando aquilo.
Ela respondeu com um tom ainda mais indiferente:
— Digo o mesmo de sempre: me dê metade do patrimônio e você estará livre.
Bruno não gostou nada da resposta. Estava prestes a perder a paciência quando, de repente, o elevador parou.
As portas se abriram lentamente.
Do lado de fora, uma jovem de vestido branco entrou com leveza. Tinha um ar puro e delicado.
Era Camila.
Ela hesitou por um instante, depois se virou para Helena com um olhar suplicante e perguntou timidamente:
— O elevador dos funcionários está quebrado. Presidente Helena, posso usar este só por um momento?
Dentro daquela cabine havia três pessoas. Mas o embate era apenas entre duas.
Helena pressionou o botão de abertura, mantendo as portas escancaradas. Não disse uma única palavra, mas sua intenção era clara.
Camila ficou visivelmente constrangida. Seu rosto bonito corou de vergonha, os lábios trêmulos se mordiscando. Sem coragem de insistir, ergueu os olhos na direção de Bruno, em busca de uma salvação silenciosa.
Bruno, no entanto, falou com suavidade:
— Siga as instruções da Presidente Helena.
Camila, relutante, recuou e saiu do elevador.
Aquele pequeno episódio deixou Helena enojada.
Ela permaneceu em silêncio o tempo todo, até que chegaram ao estacionamento e entraram no carro. Só então Bruno, enquanto ajustava o cinto de segurança, quebrou o silêncio com um tom indiferente:
— Não tenho nada com ela. Você está pensando demais.
Helena virou o rosto e o encarou, tranquila.
— Está com pena dela? Bruno, acho melhor você passar no hospital.
Bruno interpretou mal. Pensou que ela se referia à questão da gravidez e respondeu com naturalidade:
— Minha fertilidade não tem problema.
Helena soltou uma risada fria.
— Não estou falando disso. Estou sugerindo que vá a um urologista ver se está limpo. Se não pegou nenhuma doença contagiosa!
Bruno ficou furioso.
Num movimento brusco, soltou o cinto de segurança e puxou Helena para si, acomodando ela sobre seu colo. Por sorte, o banco do motorista era espaçoso o suficiente para permitir que ele se movesse sem dificuldade.
O corpo dela bateu contra o volante, causando-lhe uma dor aguda.
Helena lutou para se livrar dele, empurrando ele com força.
— Bruno, você enlouqueceu?!
Seu marido, sempre tão frio, agora a segurava com firmeza, fazendo coisas que a deixavam profundamente constrangida. Em resposta, Helena agarrou os cabelos negros dele com tanta força que poderia arrancá-los.
Finalmente, Bruno parou.
Ele ergueu o rosto para encará-la.
Sob a luz fraca do estacionamento subterrâneo, seus cílios longos lançavam sombras sutis sobre seu rosto esculpido. Pela primeira vez, havia algo de suave e melancólico em sua expressão.
Helena ficou ligeiramente atordoada.
No segundo seguinte, Bruno segurou sua nuca e tomou seus lábios em um beijo feroz.
Ele não apenas a beijou, mas mordeu com brutalidade sua língua, rompendo a pele até que o gosto metálico do sangue se espalhasse entre eles.
O sangue se misturou.
Helena ficou paralisada.
Ela olhou para aquele rosto bonito com descrença, seu olhar carregado de desprezo.
Com os lábios ainda colados aos dela, Bruno arfou, visivelmente tentando se conter:
— Sra. Lima, estou limpo ou não?
Helena o empurrou com força.
Ela tateou o assento ao se sentar de volta no banco do carona, as mãos trêmulas enquanto ajeitava o conjunto impecável que vestia. No entanto, seu peito ainda subia e descia com violência devido à impetuosidade avassaladora de Bruno. Aquela onda de emoções desconhecidas a assustava, e Helena se esforçou para manter a aparência de calma.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...