A porta de vidro se abriu, trazendo consigo um leve toque de umidade. Lá fora, já tinha começado a chover. A água da chuva cobria o céu e a terra com uma névoa tênue. Através da grande janela envidraçada, se via gotas de orvalho penduradas nas folhas recém-brotadas das bananeiras, caindo uma a uma, como lágrimas de uma amante. Nessas gotículas se refletiam três silhuetas humanas.
O pequeno ruído atraiu a atenção dos que jantavam. Eduardo ergueu os olhos e viu Yasmin com o rosto pálido, talvez por ter visto a mensagem que ele lhe enviou. A voz do homem soou grave:
— Sente-se, vamos jantar juntos.
Yasmin não queria comer com ele, nem por um segundo conseguia suportar a sua presença. Ela se aproximou de Jéssica, acariciou a cabeça da menina e falou com doçura:
— Eu vou te levar até o carro, a tia Dalila está lá. Espere um pouquinho no carro, está bem? A mamãe vai conversar um pouquinho com o papai e já vai.
Jéssica assentiu obedientemente:
— Ok!
Eduardo não se opôs. Antes de sair, Jéssica, com a mochilinha nas costas, correu até o pai e colocou um pequeno chaveiro em sua mão, dizendo:
— É o coelhinho fofo. O papai fica com um e a Jéssica com o outro.
Era um trabalho manual da aula de artes, só existiam dois no mundo. Ela deu um ao pai porque não podia ficar com ele com frequência. Assim, o coelhinho ficaria com ele no lugar dela.
Eduardo olhou o pequeno objeto na palma da mão, depois olhou a filha, com seus olhos negros e vivos, o jeitinho orgulhoso e encantador. Ele não resistiu e tocou de leve em suas tranças, beijando sua cabeça.
Jéssica saiu com Dalila, saltitando. Na mochila cor-de-rosa, o coelhinho balançava suavemente.
Depois de um tempo, Eduardo desviou o olhar e fez um gesto:
— Já que não quer jantar, ao menos se sente para conversarmos. Afinal, grávidas não devem ficar em pé por muito tempo.
— Obrigada pela consideração, Sr. Eduardo. — Respondeu Yasmin.
Ela se sentou, encarando o homem em silêncio, seu olhar era distante. Agora, ela era a Sra. Freitas, e ele estava prestes a se casar com outra. Quem ainda lembraria que um dia haviam sido um casal apaixonado, jovens e insensatos, ardentes e inseparáveis?
Depois de um momento, Eduardo foi o primeiro a falar:
— Você e o Elder se casaram, eu não imaginava que ainda teria filhos. Pode até dizer que vai tratar todos igualmente, mas e no futuro? Yasmin, eu não quero que a Jéssica viva sob o teto dos outros.
Yasmin soltou uma risada fria:
— Sob o teto dos outros? — Ela olhou pela janela para a chuva fina que caía sob as folhas da bananeira, o rosto impassível, com um toque de frieza. — Eu sou a mãe da Jéssica, fui eu quem a criou. Como é que viver comigo virou "viver sob o teto dos outros" na sua boca?
Os olhos de Eduardo brilharam intensos:

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Depois que Fui Embora, o Canalha Ficou Louco
Acho extremamente injusto só liberar duas páginas minúsculas por dia. As primeiras são maiores agora da 370 em diante são muito pequenas. Não é justo. A gente paga pra liberar as páginas para leitura e só recebe isso. Como o valor que eu já paguei pra liberar poderia comprar 2 livros na livraria...
O livro acabou ou não? Parei na página 363...
Acabou??...
Agora me diz porque fazer propaganda de um livro e não postar sequer uma atualização…...