Desejo Ardente: Viciado Nela romance Capítulo 248

Natália não compreendia o que ele queria dizer.

"Pai, o que está falando?"

Pedro não conseguiu mais se conter e revelou tudo sobre o passado.

"Naquela época, eu era apenas um trabalhador rural. O Leandro me deu uma quantia considerável de dinheiro para transportar um saco até a montanha atrás da fazenda. Quando cheguei lá, descobri que era um saco cheio de corpos."

"Eu vi com meus próprios olhos quando eles mataram uma pessoa e não tive coragem de chamar a polícia. Ainda por cima, movido pela ganância, aceitei o dinheiro deles para ficar calado. Poucos dias depois, tentaram me atropelar. O carro veio diretamente em minha direção. Se não fosse pelo instinto de salvar Natália, desviando um pouco, eu teria sido morto."

Pedro chorava copiosamente, olhando para Natália com remorso.

"Natália, foi você quem salvou a vida do seu pai."

"Boom—"

A cabeça de Natália zumbia.

Como isso é possível?

O acidente de carro do seu pai não foi causado por ela?

Toda a pobreza e infortúnio que se seguiram em sua casa não foram culpa dela.

Então ela não era o azarão.

Mas... ela carregou a culpa por tantos anos.

Odiada por Catarina, por Lucas, por mais de uma década, e até mesmo ela própria se sentia culpada por todo esse tempo.

Natália olhou para Pedro, atônita, e perguntou: "Por que você não contou a verdade naquela hora?"

Por quê.

Por que ele ficou em silêncio enquanto Catarina a maltratava e amaldiçoava dia após dia, durante tantos anos?

Por que, quando ela estava sem comida, foi arrastada para a neve para se virar sozinha, quando Catarina a deixou com o nariz sangrando e o rosto inchado...

Ele não disse uma palavra?

Pedro não ousava olhar para ela, baixou a cabeça cheio de culpa.

"Eu tinha medo, medo de que, se eu ficasse paralítico, sua mãe me abandonasse e pedisse o divórcio. Naquela época, eu já não podia andar, só tinha esta casa, não podia ficar sem ninguém para cuidar de mim."

" Então você atribuiu toda a culpa a mim, me deixando arcar com as maldições e a fúria delas, certo?"

As lágrimas de Natália começaram a cair.

Ela expressou o que estava em seu coração.

Pedro mexeu os lábios: "Elas não vão te abandonar, aguenta um pouco e tudo passará. Mas se soubessem que alguém tentou me matar de propósito, com certeza ficariam assustadas e me deixariam."

Este segredo, Pedro o guardou por mais de uma década, sem ousar revelá-lo.

Agora ele só se sentiu capaz de falar porque Leandro tinha fugido para o exterior e nunca mais poderia voltar.

Mais importante que isso, era o peso imenso da culpa que ele sentia por Natália.

Ele não conseguia mais esconder.

As lágrimas caíam uma a uma, carregando o ressentimento e a indignação de mais de uma década.

Natália fechou os olhos, suas pontas dos dedos tremiam.

Quando Leandro a trancou no porão, ameaçando transformá-la em um ser desfigurado, ela não chorou.

Quando foi forçada a pular no mar, com a vida em risco, ela não chorou.

Quando Catarina lhe deu uma bofetada após a outra, ela não chorou.

Mas agora, suas lágrimas fluíam incontrolavelmente, gota a gota.