Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1776

Daniel virou-se para Zacarias, perguntando sério: “Se estivéssemos competindo... você acha que eu poderia vencê-lo?”

Zacarias piscou, momentaneamente pego desprevenido. Que tipo de pergunta é essa?

Ele fez uma pausa, escolhendo as palavras com cuidado. “A influência da família Reese é grande... vai além do que a gente consegue entender, eu acho...”

“Não estou falando de poder ou dinheiro. Quero dizer em uma briga por uma mulher.”

Zacarias sentiu um arrepio na espinha, era como se tivesse visto outro Nathaniel.

“Bom... pra ser bem honesto, eu não acho que você chega aos pés do Cícero”, Zacarias admitiu sem rodeios. “Ele é solteiro, sem bagagem, e vamos combinar, tem aquele jeitão de 'cavalheiro refinado' que impressiona.”

Zacarias não gostava de mentir.

As palavras atingiram Daniel como uma faca afiada. Por um momento, ele ficou em silêncio. Depois, com a voz rouca, perguntou: “Você acha que ele aceitaria uma mulher com filho?”

Zacarias deu uma risada debochada. “Não é óbvio? Ele não se importou com a Cecilia ter dois filhos. Não tem nada que ele não aceite.”

Uma onda de amargura tomou conta de Daniel. Então, minha filha vai acabar chamando o Cícero de 'papai' um dia?

“Por que você tá perguntando isso do nada? O Cícero tá enchendo o saco da Cecilia de novo?”, Zacarias perguntou, franzindo a testa.

Ele achava Cícero um cara sem vergonha na cara. Cecilia e Nathaniel estavam juntos há anos, tinham quatro filhos, e mesmo assim o Cícero não desistia. Que babaca.

“Não.” Daniel recostou-se na cadeira.

Talvez fosse o álcool nublando seu juízo, ou talvez ele simplesmente não ligasse mais, mas ele jogou a cautela pro alto. Sua voz saiu baixa, quase indiferente. “É a Manuela...”

Manuela?

Zacarias piscou. Levou alguns segundos pra processar o que Daniel tinha dito. Então, a ficha caiu como um trem desgovernado.

“Você tá dizendo que agora ele tá de olho na sua mulher?”, Sua voz saiu um tom mais alto do que pretendia.

Vários clientes no clube viraram a cabeça, curiosos.

Zacarias lançou um olhar frio pra eles, sua voz cortante como uma lâmina. “Tão olhando o quê? Saiam daqui!”

Os curiosos, percebendo que ele era o jovem herdeiro da família Sinclair, desviaram o olhar rapidinho e se espalharam. Ninguém queria se meter com esse maluco.

“De repente, surgiu uma coisa pra resolver.” Sem mais palavras, ele girou nos calcanhares, entrou no carro e acelerou noite adentro.

Com uma mão no volante, agarrou o celular e, assim que o endereço de Cícero surgiu na tela, dirigiu direto para lá.

Tarde da noite, o toque estridente do telefone acordou Cícero do sono.

Franzindo a testa, atendeu, grogue. “Quem é?”

“Sou eu, Zacarias”, veio a resposta curta.

Zacarias?

Cícero, ainda meio dormindo, perguntou. “Sr. Sinclair? Não acho que a gente seja tão próximo, nem nunca trabalhamos juntos. Então, qual o motivo dessa ligação de madrugada?”

“Estou na porta. Sai aqui!”, Zacarias ordenou.

Cícero não fazia ideia do que tinha acontecido, mas, sentindo a hostilidade na voz de Zacarias, pegou o casaco, jogou por cima de si e saiu.

No momento em que apareceu, ainda sonolento, Zacarias avançou, agarrou-o pelo colarinho e acertou um soco firme no rosto dele.