Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 1963

“Agora que tá acordado, pode cair fora”, disparou ela.

Só de pensar em se mover, Matheus já sentia dor por todo o corpo. Ir embora? Pra onde? De volta às ruas? Ao frio?

“Qual é o seu nome?”, perguntou ele, ignorando de propósito a ordem dela.

A mulher suspirou. “Denise Laney.”

“Sou Matheus”, respondeu ele. “Só pra você saber, minha família tem dinheiro... Muito dinheiro. Se me abrigar agora, vou te recompensar generosamente quando eu voltar pra casa.”

A verdade é que sair significava se colocar em perigo. Seus inimigos ainda o procuravam, e voltar pra casa não era uma opção, pelo menos não ainda.

“Ah, é? Então devia ir pra casa. Não preciso que me retribua nada”, disse Denise, com sarcasmo.

O tom deixava claro que ela não acreditava nem um pouco. Que tipo de homem rico estaria caído, machucado, no sótão da minha casa?

Matheus ficou irritado. Sem carteira ou contatos, não tinha como provar nada.

“Ainda tô mal”, disse, tenso. “Só mais uns dias. É tudo que peço.”

O loft podia ser apertado e malcuidado, mas comparado às ruas perigosas lá fora, era um paraíso.

“De jeito nenhum!”, Denise respondeu, sem pestanejar. O barulho da colher batendo na panela enfatizava a negativa enquanto ela mexia o macarrão.

“Você vai embora depois do café da manhã”, afirmou. “Tenho que ir pro meu bico.”

Cada minuto do fim de semana era valioso... Entre as pesquisas sobre o tratamento dos pais e o trabalho de distribuir panfletos às dez da manhã, ela não podia se atrasar.

O macarrão ficou pronto rápido. Quando Denise abriu a geladeira, só havia um ovo. Ela hesitou, tamborilando os dedos na porta, mas por fim o quebrou na frigideira. O ovo mexido foi direto para o prato de Matheus.

“Come”, disse, empurrando o prato na direção dele.

Matheus olhou o macarrão sem graça, torcendo o nariz. “Só... macarrão?”

“Obviamente.” Denise revirou os olhos, achando que ele era só mais um mimado que não conhecia a fome de verdade. “Não tá com fome? Então eu como.”

“Eu como!”, respondeu Matheus, rapidamente.

Ter comida agora era melhor que passar fome, ele não podia se dar ao luxo de ser exigente.

Só então Denise serviu o próprio prato e sentou-se à mesa.

Denise o encarou, incrédula. Sério? Nenhum protesto? Nem um pingo de culpa? Se fosse comigo, eu me sentiria mal, pelo menos.

A princípio, Denise tinha pensado que Matheus, ainda se recuperando, precisava da proteína. Mas ver a forma natural com que ele aceitou o sacrifício dela a fez se sentir id*ota. Por que eu fui dar o último ovo pra ele?

Ah, tá tão bom!

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