Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 2073

Minutos depois, eles saíram da loja, Cecília e Nathaniel carregando cada um dos filhos de rosto escondido atrás de uma máscara colorida de plástico. A respiração quente dos meninos embaçava o interior, transformando-os em pequenas figuras misteriosas.

A voz de Eduardo escapou pelo focinho do porco. “Jon, por que eu também tenho que usar máscara?”

Jonathan ajeitou o elástico atrás da própria máscara de macaco. “Menos falação. Com isso, ninguém vai nos reconhecer. Você tem uma montanha de fãs na internet. Quer que eles façam fila pra pedir autógrafo?” Só de pensar, seus ombros se encolheram.

A imagem, no entanto, pareceu agradar Eduardo. Um sorriso brotou por baixo do plástico, formando covinhas invisíveis. “Na verdade, isso soa incrível”, disse, a voz carregada de um riso que não se via.

Jonathan respondeu com silêncio.

Os irmãos claramente viviam em planetas diferentes.

“Máscara no rosto, boca fechada”, Jonathan ordenou, firme mesmo por trás do tecido abafado.

Eduardo soltou um suspiro longo e dramático, depois arriscou: “Tá, mas por que ficou com a máscara de macaco e eu com a de porco?”

“Porque o macaco é o discípulo mais velho e o porco é o mais novo”, explicou Jonathan, com paciência. “Eu sou o irmão mais velho, você é o mais novo. Hierarquia simples. Entendeu?”

“Ah.” Um som baixinho de compreensão tardia.

Sem mais argumentos, Eduardo se encolheu em silêncio resignado.

Alguns passos atrás, Cecília e Nathaniel trocaram olhares divertidos, o resmungo abafado dos filhos arrancando risadas discretas de suas gargantas.

De fato, com as máscaras postas, a atenção da multidão se dissipou como poeira levada pelo vento.

Ainda assim, os olhos de Nathaniel, frios, atentos, emoldurados por uma postura que parecia feita sob medida para ternos de grife, continuavam a atrair olhares curiosos de algumas mulheres que passavam.

Cecília, ocupada com os filhos, seguia alheia a cada olhar que recaía sobre o marido.

Jonathan percebeu e disse: “Mamãe, tô cansado.” Sua voz, abafada pela máscara de macaco, trazia um primeiro traço de fadiga.

“Sério? Então deixa eu te carregar”, respondeu Cecília de imediato, braços já se abrindo para acolhê-lo.

Jonathan sempre foi o coração caloroso da casa. Sensato até demais, nunca era do tipo a inventar cansaço.

Ao ver os ombros dele caídos, Cecília logo pensou que devia ter dormido mal.

Mas ele balançou a cabeça. “Papai, pode me carregar?”, pediu, voz suave, porém marcada pelo cansaço real.

Nathaniel não hesitou. Num movimento fluido, ergueu Jonathan nos braços, acomodando-o contra o peito como se aquele espaço tivesse sido feito especialmente para ele.

Eduardo observou, a confusão estampada no rostinho redondo. Ele não sentia nem um pouco de sono, mas por que o irmão parecia prestes a desabar? Escolheu não perguntar. Apenas entrelaçou os dedos nos de Cecília e seguiu ao lado dela em silêncio.

Além disso, as compras anteriores de Elena já tinham transformado o closet da ala infantil em uma boutique particular.

“Está bem, chega”, Cecília cedeu, prendendo uma mecha solta atrás da orelha.

Nathaniel ergueu o olhar. “E quanto a você?”

“Deixa pra lá. Meus pés já estão acabados”, disse ela, girando o tornozelo com uma careta.

A testa dele se franziu. “Então vamos embora sem nada pra você?”

“Isso. Vamos jantar aqui e depois voltamos pra casa”, decidiu Cecília.

Uma sombra leve atravessou os olhos de Nathaniel. Um fio de decepção reluziu, rápido mas nítido.

Ele tinha imaginado secretamente que ela compraria uma camisa ou talvez uma gravata para ele, só pra descobrir que o dia foi dedicado apenas às crianças.

A frustração não dita roubou-lhe o apetite. No jantar, mexeu na comida sem comer quase nada.

Eduardo, satisfeito e com a barriga estufada, ergueu o olhar. “Mamãe, preciso ir no banheiro”, anunciou.