Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 2076

Miranda falava como se o universo a tivesse nomeado juíza, júri e carrasco. Tudo o que saía de seus lábios virava lei.

Ao redor, a equipe de vendas se tensionava em revolta silenciosa, a frustração se enrolando atrás de sorrisos polidos que ninguém ousava deixar escapar.

“Uh...”, começou uma assistente, a sílaba vacilando no ar antes de engolir o resto da frase.

Nenhuma delas tinha estômago para arrancar a máscara de uma criança apenas para agradar outro mimado.

Vendo a hesitação, Miranda avançou, os saltos soando.

“Se vocês têm medo, farei eu mesma.”

Qualquer fachada de elegância social que ela antes ostentava se despedaçou naquele instante. Estava prestes a arrancar a máscara de macaco de um garoto cujos pais nem estavam por perto.

Por baixo da máscara, o pequeno rosto de Jonathan se congelou.

Ele se preparou. No segundo em que Miranda tentasse agarrá-lo, planejava cravar os dentes no pulso dela.

Nesse momento, a assistente júnior que havia ido buscar roupas para Jonathan reapareceu, braços escondidos sob uma torre de peças de luxo.

“Jovem Senhor, poderia dar uma olhada para ver se alguma destas peças poderia servir para os adultos de casa?”

As cabeças se viraram em uníssono quase musical.

“Por que todo mundo está reunido aqui?” Ela piscou, genuinamente perdida.

Outra vendedora se aproximou, tocou o cotovelo da novata e murmurou tão baixo que quase sumiu. “O que está fazendo? Não vê que há um problema?”

“Qual problema?” Ingrid segurava as roupas como um escudo, confusa.

As outras, presas à competição feroz, decidiram que a novata não merecia favores e silenciaram conspicuamente. “Nada.”

Cada vez mais perplexa, Ingrid deu de ombros e seguiu direto para Jonathan, ignorando Miranda como se fosse um cabide.

“Jovem Senhor, dê uma olhada. Talvez uma dessas peças seja um bom presente para seus pais.”

Miranda ficou de pé, paralisada pelo repentino ato da novata.

Ingrid estava na loja há menos de dois meses e não tinha ideia de quem ela era.

“Seus olhos caíram, ou está me ignorando de propósito?”, Miranda estalou.

“Prefiro jogá-la fora a te entregar.”

“Que pirralho insolente!” Miranda avançou, dedos tentando agarrar a frágil máscara em seu rosto.

Jonathan se abaixou, desviando entre as vitrines de cetim, a máscara ainda presa ao rosto.

Miranda abandonou toda a elegância, os saltos batendo atrás dele. Não aceitava ser superada por uma criança baixa o suficiente para nem alcançar o balcão.

Assistindo, Ingrid achou tanto absurdo quanto vergonhoso a corrida da mulher atrás do menino por uma máscara.

“Por que ela está tão desesperada por essa máscara?”, murmurou a uma colega próxima.

A colega se inclinou, voz fina como linha de costura, e contou toda a história num sussurro.

O que ouviu fez a boca de Ingrid cair aberta. “E-Ela é inacreditável”, respirou, escandalizada com tamanha crueldade.

“Shh, não tão alto! Se ela ouvir, estamos perdidas...”, a colega sussurrou.

Mas Ingrid já se movia, posicionando-se na frente de Jonathan e protegendo-o como uma loba com seu filhote.