Despedida de um amor silencioso romance Capítulo 2094

Depois que os pratos foram retirados, eles permaneceram sob a luz suave do entardecer, conversando por um longo e tranquilo tempo, como se nada monumental tivesse sido prometido há pouco.

À medida que a noite caiu, Matheus e Denise se prepararam para dormir em quartos separados.

“Vocês já estão praticamente noivos, então dividir o quarto não vai fazer o céu desabar”, disse Clarice, com um sorriso surpreendentemente progressista.

“Isso realmente está tudo bem?”, sussurrou Denise, boquiaberta.

No passado, sua mãe a advertia para manter cada botão fechado até que um anel de casamento brilhasse em sua mão.

Agora, aquela mesma mulher dizia para ela dividir o quarto com Matheus.

“Os tempos mudaram, querida”, respondeu Clarice, com a voz leve, mas firme. “O mundo não é mais como antes.”

Com a saúde de Benjamin debilitando-se como folhas de outono, Clarice havia decidido que sua filha deveria aproveitar um bom homem enquanto o destino ainda fosse generoso.

Ainda assim, a mudança repentina dos pais deixou os pensamentos de Denise em nós. “Mas...”

“Vai, vai. Seu pai e eu estamos prontos para netos”, brincou Clarice, meio séria, conduzindo Denise até o quarto de Matheus.

O desejo direto a deixou boquiaberta, chocada demais para protestar.

Clarice a empurrou pela porta e a fechou. Coincidentemente, Matheus acabara de sair do banho. O vapor ainda flutuava à luz do abajur.

Ele surgiu do banheiro vestindo apenas uma toalha branca, ombros largos afinando-se até uma cintura esculpida.

“Denise? O que está acontecendo?”, perguntou ele, passando a mão pelo cabelo úmido para trás da testa.

Uma forte onda de rubor inundou suas bochechas.

“Minha mãe quer que dividamos este quarto esta noite”, disse ela, com voz pequena, mas firme.

“Você disse que seus pais eram conservadores. Por que essa mudança repentina?”

“Não faço a menor ideia”, admitiu ela, balançando a cabeça.

Eles já haviam compartilhado um quarto por semanas, então a ideia de dormir sob o mesmo teto naquela noite parecia menos constrangedora e mais como dois camaradas cansados largando a armadura.

“Por que disse aos meus pais que vamos nos casar?”, sussurrou Denise, olhos brilhando na meia-luz. “Quando chegar a hora, como vamos consertar essa mentira?”

Do escuro além da mesa de centro, a voz de Matheus se ergueu, baixa, mas firme. “Eu vi como o Sr. e a Sra. Laney pareciam esperançosos. Não consegui desmentir. Não se preocupe, vou acompanhar. Um casamento é só papelada, certo?”

“Isso não é justo”, rebateu ela, erguendo-se apoiada em um cotovelo. “Se encenarmos uma cerimônia falsa, o que acontece quando conhecer a mulher que realmente quer casar? E se ela se importar?”

O canto da boca de Denise se curvou, suave e seguro. “Em pedaços ou não, ainda acho que você é um homem bom, um dos melhores que já conheci.”

As palavras o paralisaram. Por um instante, esqueceu até de respirar.