Ela Aceitou o Divórcio, Ele Entrou em Pânico romance Capítulo 210

Ponto de Vista de Scar

Hoje vou encontrar minha Alice! Isso é a única coisa boa acontecendo nesta cidade infernal.

Alice é filha de Lilith, também sendo o pequeno sol que trouxe a luz mais brilhante para os últimos cinco anos sombrios.

Passei pouco mais de um mês na cadeia antes de ser transferido, principalmente porque meu corpo estava falhando. Foi um período sombrio para mim.

Depressão pós-parto.

Eu não conseguia comer, e mesmo que tentasse, meu corpo não aceitava. Tudo o que consegui lembrar daquele mês negro foi vômito, tontura e desmaios. Ouvi dizer que a prisão podia ser um lugar sombrio, mas eu nem tive chance de vivenciar essa parte— Todos me evitavam porque eu parecia que morreria se alguém colocasse um dedo em mim.

Depois disso, passei nove meses no hospital, e após isso, em um sanatório.

Bem, eles decoraram aquilo como uma "instalação de reconstrução mental e física", mas eu sabia que era apenas outro nome para um sanatório.

Eu sei porque perdi a cabeça, por um bom tempo.

Durante dois anos, não consegui falar. Não perdi a voz, eu sei disso. Mas meu corpo simplesmente não me deixou dizer uma palavra, por algum motivo. Eu não queria falar também. Não queria que o Sebastian me encontrasse, para me alimentar com suas desculpas e mentiras sem fim; não queria que os Fullers me encontrassem, para continuarem chupando minhas feridas até eu secar; não queria que os Vanderbilts me encontrassem, para me dizerem o quanto eu não era digna de seu nome tão sofisticado. E também não queria que meus amigos me encontrassem, porque não queria que vissem o fantasma que eu me tornei.

Alice foi quem fez com que eu falasse pela primeira vez.

Naquele dia, eu estava deitado na cadeira no jardim do meu cárcere pessoal, a “instalação benigna”, como sempre, sendo o morto-vivo que me tornei. E Alice simplesmente surgiu do nada. No momento em que a vi, percebi como meu mundo tinha sido preto e branco até ela trazer a primeira cor aos meus olhos, uma cor que eu não via há muito tempo.

Ela era tão inocente, sorrindo para tudo; era tão travessa, curiosa sobre qualquer coisa. No momento em que a vi, soube de quem ela era filha, antes mesmo de encontrar Lilith, que procurava sua filha travessa por toda parte.

Alice era mais parecida comigo do que com Damian, exceto por aqueles olhos. Esses eram os olhos de Damian Vanderbilt.

Verde, como duas jade.

Ela me avistou, e eu me sentei, observando-a com cuidado, com medo de que meu rosto horrível a assustasse e ela fugisse.

Encontrá-la foi puramente um acidente.

Ele tinha suas próprias rixas com os Fullers, e foi assim que me encontrou. A única e mais ferida vítima dos Fullers que ainda estava viva. Mas mal vivente. Ele tinha o tempo, poder, riqueza e tudo o que eu precisava para destruí-los. Tudo o que ele queria de mim era um bom motivo para desviar o calor da atenção dele, e um rosto que pudesse aparecer sob o sol. Ele não queria desperdiçar sua reputação com os Fullers.

Nos entendemos de imediato.

A última coisa de que me importo é com reputação, e não me importo com a agenda dele, se ele puder me ajudar com minha vingança. Eu nem me importava de saber sobre ele, a não ser pelo seu nome zombeteiro.

Ele é o núcleo de poder para a minha vingança, e isso é tudo.

— Como está minha princesa hoje? — Minha porta está aberta, mas Silco ainda bate antes de se aproximar de mim pela janela, sorrindo.

Reviro os olhos.

Sim, se eu o odeio por algo, é por esse apelido. Ele faz piada com o próprio nome, mas não me chamaria de Scar. Nem de Jinx. Ele só me chamaria de “princesa”, e eu odeio isso com todas as minhas forças.

Eu não sou princesa de ninguém. Sou apenas um fantasma agora, e o pesadelo dos meus inimigos.