Ela Aceitou o Divórcio, Ele Entrou em Pânico romance Capítulo 98

Ponto de Vista de Scarlett

Existe alguém mais gentil neste mundo? Olho para Adrian, sentindo uma pontinha de inveja de Aurora, porque ela está sendo amada por uma pessoa tão boa.

Mas eu não posso.

— Quero ser sua amiga, Adrian Dunn. — Balanço a cabeça, sentindo um aperto no peito. — Então, não posso ser um fardo para você. Você entende, não é?

Adrian me olha com um semblante triste. Ele entende, eu sei. Falar com ele tem sido tão fácil.

— Você está me insultando ao insinuar que proteger uma garota me exige tanto assim. — Ele diz, meio brincando. — Não poderei te proteger direito se você for embora, ainda mais para um lugar tão longe. Mas aqui, posso te prometer que eles não conseguirão tirar mais uma gota do seu sangue se você não quiser.

Isso é muito doce e generoso, mas eu não posso colocar esse peso nos ombros de Adrian. Já me sinto culpada o suficiente por ter aceitado tanta ajuda dele. Ainda mais por causa de um mal-entendido. Não é certo.

— Eu já sei me cuidar. — Digo quando ele estende o braço para impedir a porta do elevador de fechar para mim. Ele definitivamente fez isso de propósito! Rio, o encarando. — Inclusive, abrir minha própria porta!

— Exatamente. — Adrian ri junto comigo. — Eu sei que você pode, mas isso não significa que eu não possa fazer isso por uma dama, certo?

Suspiro. Ele não conhece os Fullers. Pelo menos, não bem o suficiente. Não quero arrastá-lo para esse lamaçal.

Caminhamos até o carro dele, e Adrian o abre para mim, seus olhos cheios de determinação.

— Deixe-me te contar o que aconteceu da última vez, e então você poderá tomar uma decisão melhor. — Seguro a porta, mas não entro. Eu queria que ele pudesse me dar uma boa solução, porque eu certamente não tenho uma. — A última vez que Ava foi parar no hospital foi porque apareceu na minha festa de aniversário sem ser convidada.

— Era o terceiro ano do meu casamento com Sebastian. Foi uma comemoração simples, só com ele, Aurora e alguns amigos meus. Eu disse para ela ir embora, mas Sebastian falou que, se eu a mandasse sair, ele iria junto com ela. Então, deixei que ficasse. Mais tarde, Ava me arrastou para um quarto e cortou o próprio dedo com uma revista, rindo de mim até começar a gritar e chamar todo mundo, dizendo que foi um “acidente”, mas que eu tinha sido a responsável pelo corte.

Essa é apenas uma entre as inúmeras lembranças sombrias que tenho dela.

Ri novamente, olhando para cima para impedir que as lágrimas caíssem. O teto baixo e escuro do estacionamento parecia exatamente com aquele dia, o dia em que meu mundo desabou sobre mim, me sufocando.

— Como eu poderia recusar? Foi o meu marido que me arrastou para o hospital, me repreendendo na frente da emergência por ter machucado a amada dele; meu “pai” gritava comigo, me chamando de monstro frio e sem coração por ter ferido minha frágil irmã, e minha mãe chorava ao lado, suas lágrimas dolorosas fazendo com que todas as enfermeiras se voltassem contra mim. Ninguém sequer quis me ajudar, fosse porque não podiam ou simplesmente porque não queriam.

Adrian apertou a porta com tanta força que seus dedos ficaram brancos. No fim, ele não conseguiu me dar uma resposta melhor. E como eu queria que ele tivesse uma. Eu adoraria ouvir isso.

— Não posso recusar enquanto ainda estiver nesta cidade. — Balancei a cabeça. Quem me dera se pudesse. — A verdade é que eu não teria sequer um espaço para respirar na superfície desta terra se tivesse me virado e ido embora naquele momento.

Não que eu tivesse algum espaço para respirar antes disso, mas... aquela era a única família que eu conhecia naquela época.

— Se você realmente quer ajudar, Adrian, então confie que eu posso me cuidar sozinha. — Pedi a ele. — Só preciso que você mantenha o Sebastian e os Fullers afastados tempo suficiente para que eu consiga pegar um avião.