Jantaram juntos à noite, e Marília comia especialmente devagar. Naquele dia, ela nem ligou a TV.
Depois de terminar a refeição, Leandro largou os talheres e ficou olhando para ela fixamente enquanto comia.
— Tem algo te preocupando?
Marília assentiu suavemente com a cabeça e levantou os olhos.
— Amanhã à noite não vou poder vir aqui cozinhar para você.
— Não tem problema, eu posso me virar na cantina.
Marília respondeu com um simples:
— Está bem.
Vendo que ela não dizia mais nada, Leandro se levantou e foi para o escritório cuidar do trabalho.
À noite, ao levá-la de volta, ele estacionou o carro e, após vê-la entrar, esperou por cerca de dez minutos. Como ela não ligou nem enviou mensagem, Leandro decidiu voltar para casa, mas, no momento em que colocou o celular no bolso, o telefone vibrou.
Ele o retirou rapidamente e, ao ver o número na tela, sua expressão tensa se suavizou um pouco. Atendeu:
— Mãe.
Do outro lado, a mulher perguntou carinhosamente:
— Já jantou?
— Já.
— Então, amanhã à noite você vai fazer plantão?
— Aconteceu alguma coisa?
— Se amanhã você tiver tempo, me acompanhe para...
Antes que ela terminasse a frase, Leandro interrompeu, já com uma resposta fria:
— Não tenho tempo.
— Mas você não vai fazer plantão, não é?! — A voz do outro lado soou incomodada, e ela continuou, tentando ser persuasiva: — Leandro, eu e seu pai não somos contra você ser médico, mas você não pode esquecer das coisas importantes na sua vida. Você já tem 28 anos. Não estou dizendo para você se casar agora, mas, ao menos, tenha uma namorada...
— Mãe, eu tenho coisas mais importantes para fazer...
— Se você desligar o telefone, amanhã mesmo eu vou até o seu hospital e converso com você pessoalmente!
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