Engano do Coração: Quando o Jogo Vira Paixão romance Capítulo 10

Jacó Domingos pareceu achar graça nas minhas palavras e deixou escapar um riso: "Você estava prestes a morrer, fui eu quem te encontrou à beira do rio e te trouxe para o hospital. Não imaginava que, ao abrir os olhos, me acusaria dessa maneira, sua salvadora."

"Além do mais, o que eu poderia querer de você, que não possui nada?" Nos olhos de Jacó Domingos, havia um vislumbre de incredulidade perante minhas absurdas acusações.

Com uma tosse discreta, desviei o olhar de Jacó Domingos: "E o relógio, o que houve?"

Jacó não respondeu. Silenciosamente, passou-me o relógio.

Pegando-o, vi que o ponteiro dos segundos estava parado e o horário cravado às dez. Ontem, quando fui surpreendida pela chuva à beira do rio, era por volta desse mesmo horário; e o relógio estivera comigo o tempo todo. Teria a chuva o danificado?

Franzi o cenho: "Como pode um relógio tão caro não ser à prova d'água?"

Jacó Domingos continuou em silêncio, seus olhos carregavam uma acusação explícita.

"Deveria ter deixado que perdessem no hospital, afinal, foi você quem o perdeu," reclamei.

"Srta. Valentina." O médico entrou na sala, com um respeito reverente em sua voz: "Como se sente?"

Eu sabia que todo aquele respeito era por causa do Buddha, Jacó Domingos, presente. Esforcei-me para me levantar e sorrindo, disse ao médico: "Estou me sentindo muito melhor."

"Vamos realizar mais um exame e, caso não haja problemas, você pode receber alta. Lembre-se de beber bastante água."

Assenti com a cabeça.

O médico sorriu desconfortável: "Esses exames têm um custo..."

Eu estava envergonhada.

Nestes anos, eu realmente ganhei um bom dinheiro, mas ele acabou sendo investido em Cesar Dias, e agora, pouco restava em minha conta. Se eu pagasse as contas médicas, estaria nas ruas esta noite.

Depois disso, poderia continuar minha jornada em busca de trabalho, não queria ficar em dívida com ele.

O local para conserto era um shopping de luxo no Rio de Janeiro. Parada do lado de fora, suspirei, questionando se o pouco dinheiro que possuía seria suficiente para o reparo.

Seguindo o endereço dado por Jacó, peguei o elevador até o último andar, onde lojas de grife estavam espalhadas - um lugar que eu nunca ousaria pisar.

Ao sair do elevador, vi duas figuras familiarizadas.

Era Cesar Dias e Silvia Rocha.

Silvia estava experimentando roupas numa loja de grifes, enquanto Cesar segurava as bolsas dela, sempre sorridente, acompanhando-a e oferecendo palpites.

Lembrei-me das vezes que, mesmo com dificuldade, havia conseguido arranjar uma tarde para pedir que Cesar Dias fosse às compras comigo.