Engano Fatal: A Virada de Beatriz romance Capítulo 3

Beatriz Mendes imediatamente se pronunciou:

— Eu só quero encontrar alguém para casar, nada além disso. Não tenho nenhuma segunda intenção em relação a você. Depois do casamento, pode fazer o que quiser, pode fingir que eu nem existo. Alguma outra dama da sociedade conseguiria aceitar uma condição dessas?-

O tio de Leonardo Martins era uma figura poderosa em Cidade A. Estava sendo pressionado pelos mais velhos para se casar, certamente contrariado com a situação. Mas, se casasse com ela, conseguiria agradar a família e ainda manteria sua liberdade depois do casamento.

Dessa vez, ele aceitaria, não?

Miguel Rodrigues se inclinou levemente, um brilho perigoso passando pelos olhos:

— Nenhuma segunda intenção?

O coração de Beatriz Mendes deu um salto. Por que teve a impressão de que ele ficou subitamente descontente? O que poderia tê-lo incomodado?

Ela achava que não ter segundas intenções era algo bom, não era?

O clima ficou assustadoramente silencioso. Temendo um “não”, Beatriz Mendes preparava-se para dizer algo e tentar remediar, quando, de repente, o homem à sua frente virou-se com decisão:

— Entre no carro.

Beatriz Mendes, conduzida pelo assistente até o veículo, demorou um instante para entender:

— Para onde vamos?

Miguel Rodrigues, sempre impecável e com uma postura nobre, respondeu com tranquilidade:

— Srta. Mendes, não é você que quer se casar comigo?

... Ele aceitou o casamento?!

Beatriz Mendes ficou alguns segundos atônita, com medo que ele mudasse de ideia. Rapidamente, sentou-se ao lado dele:

— Então, sem perder tempo, vamos direto ao cartório!

Miguel Rodrigues arqueou levemente os lábios e soltou um riso discreto.

De longe, Rúbia Lacerda assistia à cena, tomada por um súbito desespero. Aquele homem transbordava elegância. Beatriz Mendes não estava, de novo, se envolvendo com alguém da alta sociedade? Não podia permitir!

Apavorada, correu até o carro, segurando firme a porta.

— Beatriz Mendes, você já não fez o suficiente com o Leonardo? Agora quer prejudicar outro? Não arraste este senhor para sua confusão!

Beatriz Mendes lançou um olhar sarcástico para Rúbia Lacerda:

— Logo você, que derrubou a esposa para virar “senhora da casa”, vem me acusar de prejudicar alguém?

— Pare de falar bobagens!

Rúbia Lacerda quase perdeu o controle, mas logo se virou para Miguel Rodrigues:

— A vida dela é uma bagunça, já dormiu com vários homens, há até fotos! Uma mulher dessas não merece entrar em uma família decente!

Beatriz Mendes riu baixinho, com desprezo:

— Sra. Lacerda, não ache que todo mundo cai nessas armações ridículas.

Meia hora depois, dentro do cartório.

Miguel Rodrigues foi conduzido ao terceiro andar. Um homem com postura de autoridade entregou respeitosamente a papelada para o casal preencher.

Beatriz Mendes achou estranho. Para um casamento, precisava de tanta formalidade?

Mas, no fim, conseguiu casar-se com o tio de Leonardo Martins. Só assim conseguiria recuperar por completo a herança da mãe.

Assinou seu nome, aliviada. Ao se virar, viu o homem escrevendo, com firmeza, três letras: Miguel Rodrigues.

Espera...

Beatriz Mendes prendeu a respiração, o rosto mudando de cor:

— Você... você não é da família Martins?

O tio de Leonardo Martins, não deveria ter o sobrenome Martins?

Miguel Rodrigues continuava assinando, sem olhar para ela, e respondeu calmamente:

— Já mudei de sobrenome.

— Ah... — Beatriz Mendes deu um tapinha no peito, aliviada. Por pouco achou que havia casado com a pessoa errada.

Mas... havia algo estranho nisso tudo. O nome Miguel Rodrigues soava familiar.

Franziu as sobrancelhas, e de repente, como um raio, se deu conta. Olhou para ele, olhos arregalados.