Engano Fatal: A Virada de Beatriz romance Capítulo 53

Esse grito inesperado percorreu todo o seu corpo, despertando uma pontada aguda em algum lugar. Incomodada, Beatriz Mendes se remexeu, mas logo teve as mãos firmemente seguradas.

— Você está com febre, durma um pouco. Vou passar o remédio, quando acordar não vai doer mais — disse Miguel Rodrigues em voz baixa e calma.

Com a mente enevoada, Beatriz ouviu aquelas palavras e, quase por reflexo, fechou os olhos.

Miguel soltou uma risada suave, o olhar deslizando pela cintura dela, descendo lentamente.

Logo depois, ele a tomou nos braços e a colocou de volta no carro, ordenando de maneira serena:

— Pode dirigir.

Januario Batista, sempre respeitoso, ergueu o vidro de separação do carro, mas antes perguntou:

— Senhor, o que pretende fazer com a família Mendes?

Miguel, com uma preguiça calculada, respondeu:

— A família Lacerda não tem uma sobrinha?

Januario assentiu:

— De fato, o irmão da Rúbia Lacerda tem uma filha.

— Dê um jeito de enviá-la para a família Mendes. Quero dar um pouco de trabalho para a Rúbia Lacerda.

……

Beatriz Mendes levou a mão à testa ao acordar e olhou para o céu pela janela.

Muito bem, ainda não era meio-dia. Ela só tinha dormido duas horas.

Quando se virou para descer da cama, uma dor pelo corpo a fez arfar de dor:

— Ai...

Por que estava doendo ainda mais?

Nesse momento, Miguel Rodrigues abriu a porta do quarto, um tanto surpreso:

— Acordou?

Caio Barbosa espiou do corredor:

— Ah? A Srta. Mendes acordou? Então nem vou entrar. Eu disse que ela só estava cansada e por isso dormiu tanto, mas você insistiu que eu viesse.

Beatriz olhou para os dois, confusa:

— Só dormi duas horas a mais que o normal. Não precisava de médico para isso.

Miguel baixou o olhar e sorriu de lado:

— Sra. Rodrigues, tem certeza de que só dormiu duas horas?

Beatriz sentiu-se desafiada, pegou o celular e apontou para o visor, mostrando “dez horas”:

— Olhei as horas antes de dormir, eram oito horas. Agora é só...

Antes que terminasse, percebeu a data no canto da tela.

Beatriz se assustou:

— E que desculpa você deu para minha ausência?

Se ele dissesse a verdade, como ela encararia os outros depois?

Miguel respondeu, enigmático:

— Sra. Rodrigues, no que está pensando?

Beatriz se deu conta do absurdo da sua preocupação, querendo tapar a própria boca. Quem daria uma desculpa dessas?

Cobriu-se com o cobertor, resignada:

— Vou descansar mais um pouco!

Miguel se levantou lentamente:

— Mal acordou e já quer voltar a dormir? Sra. Rodrigues, cuide da saúde.

Beatriz percebeu, envergonhada, o quão ruim fora seu pretexto. O rosto pegou fogo, e não conseguiu mais dizer nada.

Talvez percebendo a situação embaraçosa, Miguel sorriu de leve e fechou a porta para ela.

Depois que Miguel saiu, Beatriz ficou deitada por mais dois dias.

Na tarde do segundo dia, ao caminhar pelo jardim dos fundos, ela avistou um terreno vazio, coberto por ervas daninhas e mato alto.