“Você?” Eu balanço a cabeça e olho por cima da Heather, e de volta para o homem de 1.80m parado na minha frente. “Não, não, meu chefe é um cara mais velho, você é...”
Cole mexe a cabeça lentamente. “Você deve ter conhecido meu pai, Tony Hoult. Ele estava fazendo as entrevistas em meu lugar, pois eu estava fora da cidade a trabalho.”
Eu encaro Cole e amaldiçoo o destino que vive me ferrando. “Então, você é o meu chefe?”
Cole acena com a cabeça e mexe nos botões do punho, com as sobrancelhas bem fundidas. "Parece que sim".
“Vocês já se conhecem”.
“Heather, deixe-nos”, ele ordena, sem tirar os olhos de mim e Heather sai do escritório, nos deixando a sós.
“Isto é uma piada, certo? Porque isso não pode estar acontecendo”, eu murmuro, andando de um lado para o outro. “Não pode ser”.
Cole esfrega a nuca, me observando andar freneticamente, resmungando incoerentemente para mim mesma, como se eu fosse uma maluca. “Shayla, por que não nos sentamos?” Ele oferece, e eu balanço minha cabeça.
“Não, eu não posso me sentar”, eu respondo, passando os dedos pelo meu cabelo, frustrada. “Me sinto como dentro de um pesadelo onde eu não consigo acordar”. Eu paro de andar e olho para ele. “Você está... me perseguindo?"
Ele ri e eu não estou me referindo a uma risadinha, mas sim uma daquelas de estufar a barriga. “Perseguindo você?”, ele fala entre uma respirada e outra, enquanto estou ali em pé olhando para ele, sem expressão. “Eu que deveria fazer essa pergunta para você, querida. Você que vive aparecendo em todos os lugares. Não pode ser coincidência”.
Eu olho feio para ele e dou um tapa com a palma da minha mão em sua mesa. “Como é que é? Você está insinuando que eu sou uma fã psicopata ou algo assim?” Eu pergunto, dando um passo à frente e ele me olha mais de perto. “Acho que você se lembra de que foi você que se aproximou de mim no clube”, eu digo, cutucando seu peito, e ele sorri e curva a sobrancelha. “E foi sua a ideia de sairmos juntos do clube”, eu acrescento, cutucando-o novamente e seu sorriso vira uma gargalhada. “E também foi você que me beijou, então, por favor me explique como eu me tornei a perseguidora aqui?” Eu termino, colocando minhas mãos nos quadris e encarando-o com expectativa.
Cole passa a língua pelos lábios e encolhe os ombros, “Eu estava apenas brincando, mas é bom saber que você tem um lado briguento, querida. Eu adoro isso numa esposa”. Eu suspiro e viro os olhos. Eu vou matar esse cara.
“Eu não sou sua esposa”, eu falo fervorosamente. “Nem pense nisso; e também não sou sua assistente, eu me demito”, eu digo a ele e me viro para sair, mas Cole agarra meu braço e me para.
“Shayla, por favor, só estou te provocando. Nós podemos fazer isso funcionar, venha e sente-se por um minuto, você pode, por favor?” Eu solto meu braço dele, ando até a mesa dele e me sento numa cadeira cor de creme do lado oposto. Cole se aproxima e para na minha frente, se inclinando em sua mesa, cruzando os braços e me observando seriamente. “Você não tem que se demitir, nós somos adultos. Nós ainda podemos trabalhar juntos”.
“Como? Como podemos trabalhar juntos depois de tudo o que aconteceu? Nós somos casados, se lembra?” Cole se encolhe.
“Sim, e daí? Quem aqui sabe que somos casados? Você está exagerando. Além do mais, meu pai te contratou por uma razão, você deve ser boa no que faz”. Eu dou um suspiro pesado e balanço a cabeça.
“Exagerando? Eu me casei com meu maldito chefe. Eu fui de assistente para vagabunda que dormiu com o chefe executivo”. Cole se endireita e passa os dedos pelo cabelo.
“Shayla, você está pensando demais. Ninguém vai saber o que houve entre nós, eu prometo a você”, ele me assegura, e parece ser verdadeiro, mas aquele sentimento de incômodo que sinto no fundo do estômago está me deixando desconfortável.
“Está bem”, eu cedo com um suspiro. Estreito meus olhos. “Você deve ter achado que eu era uma tola por não saber quem você era. Por quê não disse nada?”
“Eu não pensei isso”, ele sorri calorosamente. “Se ajuda, eu me senti bem sendo tratado como uma pessoa normal ao invés de um...”
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