Tudo começou por causa da infidelidade de Eduardo.
Um homem hipócrita e falso, que se fazia de elite na frente dos outros, mas descontava sua raiva na esposa e nos filhos em casa, e uma mulher forte, competitiva, capaz de lutar e morder, mas sem delicadeza e direta ao falar.
Esse casamento infeliz, essa união infeliz.
Zélia lembrou-se de sua infância infeliz. Apesar de já ter vinte e oito anos, uma pessoa infeliz passa a vida tentando curar sua infância, e ela era um exemplo disso.
"Eu estava quase com cinco anos quando presenciei a infidelidade de Eduardo,"
"Ele estava abraçado e beijando outra mulher no quarto, estavam prestes a tirar a roupa,"
"Quando ele me viu espiando pela fresta da porta, veio até mim, abriu a porta e me deu um tapa na cara, me chamando de criança intrometida."
"Eu, segurando o rosto, perguntei a ele, 'papai, quem é essa mulher?'"
"E acredita no que aconteceu?"
"Aquela amante, sem dizer uma palavra, veio até mim e me deu um tapa também, um, dois... Eu me lembro claramente, ela me bateu seis vezes,"
"Eu tinha menos de cinco anos,"
"Eduardo apenas observava friamente, vendo sua amante me bater, e me segurava pelo braço, me ameaçando para não contar nada para Elisa, senão eles continuariam me batendo."
"Eu estava muito assustada, só conseguia concordar com a cabeça,"
"Depois, aquela mulher foi embora,"
"Eduardo imediatamente mudou sua expressão, sorrindo para mim e dizendo que aquela senhora era apenas uma amiga, e que eu deveria obedecer e não contar nada para Elisa, senão ele teria que se divorciar dela e então não teríamos mais uma casa grande para morar, e Camila e Giselle não teriam mais roupas bonitas para vestir."
"Eu não entendia o que ele estava dizendo, só via ele sorrindo enquanto me olhava fixamente, apertando meu braço. Eu, chorando, dizia que não contaria para mamãe."
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