Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 112

Gabriel virou o rosto, os punhos tão cerrados que os nós dos dedos ficaram brancos. Encarava Vitória com uma fúria crua nos olhos.

Cada palavra dela fazia com que ele se lembrasse do quão canalha havia sido. De como tinha machucado Beatriz de uma forma imperdoável.

Um turbilhão de arrependimento e dor agitava-se dentro dele. Queria se esmurrar até perder os sentidos.

— Gabi, você me ama... — Insistiu Vitória, com a voz mansa. — Eu não sei como você chegou a acreditar que gostava da Beatriz, mas tudo isso é ilusão.

Vendo que ele não respondia, achou que estava conseguindo atingi-lo. Deu um passo à frente, com a voz ainda mais envolvente.

— Você só está estranhando a ausência da Beatriz. Mas até com um cachorro, depois de dois anos, a gente cria apego. Você confundiu esse apego com amor. Mas quem você realmente gosta... Sou eu. Pensa bem. Em todos os momentos em que eu me machuquei... Quem foi que largou tudo pra vir até mim? Quem sempre ficou desesperado quando algo me acontecia?

— Cala a boca! — Rugiu Gabriel, num grito tão alto e cheio de raiva que ecoou pelo cômodo. Seu rosto estava tomado pela fúria. — Você acha que eu não sei distinguir entre amor e ilusão? Acha que eu sou idiota? Não preciso que você me diga o que eu sinto. Tudo isso... Tudo isso aconteceu por sua culpa! Você foi embora há dois anos, então por que voltou? Se não fosse por você, a Beatriz nunca teria se magoado tanto a ponto de ir embora. Tudo isso... É responsabilidade sua!

Sim. Era por causa da presença de Vitória que ele havia ferido Beatriz daquele jeito.

Se Vitória nunca tivesse voltado, ele e Beatriz poderiam ter seguido juntos, em paz, construindo uma vida a dois. Ela não teria partido. E muito menos teria pedido o divórcio.

E quando ele finalmente percebeu que estava apaixonado por Beatriz, talvez ainda houvesse tempo de ser correspondido. Eles poderiam estar vivendo uma história real, com amor dos dois lados.

Essa ideia acendeu dentro dele um ódio profundo. Começou a enxergar Vitória como uma maldição. Uma intrusa. Uma destruidora de lares.

Ela foi quem expulsou Beatriz da vida dele.

— O que a saída da Beatriz tem a ver comigo?! Agora a culpa é minha que ela ficou triste? — Berrou Vitória, devolvendo o grito com a mesma intensidade. — Fui eu que mandei você deixar ela? Fui eu que pedi pra ficar no quarto dela? Tudo isso... Foi você quem me ofereceu!

— Eu só estava supondo... Senão, por que ela teria ido embora assim? Eu era amiga dela, Gabriel! Mesmo quando ela tirou você de mim, eu não guardei rancor! Quando ela ficou doente, fui eu quem te mandou ir vê-la... Eu sempre fui boa com ela. Por que você acha que eu faria algo contra ela?

As palavras dela o fizeram hesitar. Ele se lembrou de momentos em que Vitória parecia de fato se importar: quando o convenceu a levar comida para Beatriz, quando o aconselhou a não guardar mágoa. Aos poucos, sua suspeita foi se esvaindo. Os dedos relaxaram, e ele soltou o pescoço dela.

Vitória finalmente conseguiu respirar. Levou a mão à garganta, tentando recuperar o fôlego, quando ouviu a voz gélida de Gabriel:

— Que tipo de amiga perde o presente que recebeu da outra? Que tipo de amiga sabe que a amiga está casada... E ainda assim se recusa a se afastar do marido dela?

Vitória mordeu o lábio com força, tentando se defender.

— Mas foi ela quem te tirou de mim primeiro! Eu te conheci antes! Nós namoramos por três anos!