Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 21

No quarto do hospital.

Beatriz estava deitada de bruços, rabiscando alguns esboços na prancha digital, tentando recuperar firmeza na mão. Ao lado, o celular começou a tocar. Ela pegou o aparelho, olhou o visor e, com total indiferença, largou-o de volta na cama.

A ligação caiu depois de quarenta segundos. Ela imaginou que a pessoa do outro lado desistiria. Mas logo o telefone tocou de novo.

Veio a terceira, a quarta chamada… Insistentes, incansáveis, como se ele quisesse repetir as cem ligações daquela manhã.

Beatriz não entendia. O que Gabriel queria ligando naquela hora? Será que ele esperava que ela voltasse para casa para preparar o jantar? Mas ele sabia que ela estava internada, não sabia?

Com receio de que ele aparecesse do nada no hospital, surtando e descontando nela, como já tinha feito na hora do almoço, Beatriz largou a caneta digital, respirou fundo e atendeu o telefone.

Ela nem teve tempo de dizer “alô”. Do outro lado, a voz dele veio carregada de raiva:

— Por que só atendeu na quarta chamada? Espero que tenha um bom motivo!

Beatriz ficou em silêncio.

“Olha só… Até ele contou. Quarta chamada. Qualquer um com dois neurônios teria percebido que eu não queria atender.”

Mesmo pensando isso, ela não disse nada. Discutir não valia o desgaste.

— Fui ao banheiro e acabei de voltar — Respondeu, fria.

Do outro lado, Gabriel pareceu se acalmar um pouco:

— Tinha alguma enfermeira te ajudando?

Beatriz revirou os olhos. “Sério… Agora ele tá querendo bancar o preocupado?”

— Não. — Respondeu, sem mudar o tom.

— E as enfermeiras? Por que não apertou a campainha antes de ir? — Ele insistiu, cobrando.

A paciência de Beatriz já estava por um fio.

— O que exatamente você tá querendo dizer com isso? — Perguntou, direta, sem a menor vontade de prolongar aquela conversa absurda.

Houve um breve silêncio. Dois segundos. Parecia até falha na ligação, mas ela sabia, ele não tinha resposta.

Ela aproveitou para cutucar:

— Tá me perguntando tudo isso por quê? Tá preocupado comigo, é isso?

Como esperado, a resposta veio na hora, carregada de irritação:

— Preocupado? Não se ache tanto!

Beatriz soltou um riso curto, gelado.

Estava prestes a desligar, quando ele completou: