Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 215

Durante o restante da reunião, Beatriz manteve o olhar firme, focado na tela. Não desviou nem por um segundo.

Mesmo sem entender nada do conteúdo técnico, seus olhos estavam tão atentos que pareciam até de alguém prestes a se filiar a um partido político.

Na fileira da frente, à esquerda, Eduardo notou.

Lançou um olhar discreto para trás e constatou. Ela realmente não o olhou mais. Nenhuma vez.

Voltou então os olhos ao PPT, com um leve sorriso nos lábios.

“Não entende nada do que está sendo dito, mas ainda assim finge interesse com tanta seriedade... Deve estar se esforçando mesmo.”

A reunião durou cerca de cinquenta minutos. A equipe da Aurora fez uma apresentação caprichada, mostrando preparação e competência. Ainda assim, o Grupo Martins não confirmou parceria ali mesmo. Ao que tudo indicava, seguiriam analisando outras empresas antes de tomar uma decisão.

Com o fim da reunião, todos se levantaram, cumprimentando-se com apertos de mão e sorrisos diplomáticos.

Beatriz fechou o notebook e começou a guardar suas coisas, acompanhando os outros dois líderes de equipe para sair.

Mas antes que pudesse cruzar a porta, ouviu — bem atrás de si — a voz daquele homem incômodo:

— Sua empresa, apesar de jovem, cresceu muito nos últimos dois anos. Se for possível, gostaria de visitar suas instalações. Observar o ambiente de trabalho, conhecer um pouco mais da equipe...

Daniel respondeu quase de imediato, com entusiasmo profissional:

— Claro, Sr. Eduardo. Será um prazer. Eu mesmo posso levá-lo para conhecer tudo...

Antes que pudesse terminar a frase, foi interrompido por Eduardo.

— O senhor, como CEO, deve ter uma agenda bem cheia. Não precisa se preocupar comigo. Pode designar qualquer pessoa para me acompanhar.

Daniel ficou parado por um segundo.

Mesmo que estivesse sobrecarregado, jamais deixaria de priorizar um cliente como aquele. Mas pela entonação da resposta, estava claro: Eduardo não queria que ele fosse o guia.

— Sr. Eduardo, será um prazer acompanhá-lo. — Disse o diretor de engenharia de software, com um gesto cortês indicando a saída.

Eduardo respondeu com aquele tom polido e incisivo:

— Não precisa se incomodar.

As palavras, ditas com tamanha gentileza, pegaram o diretor desprevenido. Sentiu-se até lisonjeado.

— Imagina, é um prazer, eu...

— Pode deixar que aquela funcionária que me serviu o café me acompanhe. — Completou Eduardo, com naturalidade.

O diretor de engenharia travou no lugar.

“Ah... Então era isso. O Sr. Eduardo queria que Beatriz o acompanhasse.

Agora tudo fazia sentido. Ele não rejeitou Daniel por arrogância. Já tinha um guia em mente desde o começo.”

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