Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 282

Letícia tinha mandado aquela mensagem por engano? A frase surgiu do nada, sem contexto algum. Beatriz ficou completamente atônita.

Mas, quando respondeu perguntando o que aquilo significava, Letícia foi direta:

[Não mandei errado, não. Olha você mesma. (Imagem anexada)]

Era um print da conversa delas da noite anterior. Letícia tinha perguntado para quem o irmão estava preparando um presente, e Beatriz, meio de brincadeira, tinha dito: “Deve ser pra sua futura cunhada.”

Quem diria que a piada viraria profecia... E que cairia sobre ela como um raio.

[O presente é exatamente esse perfume. Acabei de confirmar com a secretária. Eles estão voltando pra empresa agora mesmo. E a tal reunião de negócios era na Aurora.]

[Agora tudo faz sentido, Bia. Você não tem mais como escapar.]

Beatriz levou a mão à testa, arrependida até a alma de ter perguntado sobre o valor do perfume. Devia ter imaginado que, sendo presente do Eduardo, Letícia saberia de tudo.

Começou então uma maratona de explicações: que era um presente de desculpas, que não tinha nada de romântico, que Eduardo só estava tentando reparar um mal-entendido. Mas, mesmo assim, foi uma confusão atrás da outra, e Beatriz passou bons minutos agoniada até Letícia finalmente parar com as piadinhas e dizer, rindo, que tinha entendido.

Mas Beatriz estava mesmo nervosa. Os dedos tremiam, o coração disparado. E, ao ver aquele print da sua própria mensagem dizendo “futura cunhada”, a vergonha bateu ainda mais forte.

No fim, ela escreveu:

[Pelo amor de Deus, não conta nada pro seu irmão. Te imploro. Me deixa com um mínimo de dignidade.]

Ela já conseguia imaginar a cara do Eduardo se soubesse... Aquele sorrisinho debochado, o olhar afiado. Só de pensar, queria cavar um buraco e desaparecer.

[Relaxa, confia em mim. Eu jamais te entregaria.😏]

[É o nosso segredinho… Minha futura cunhadinha~]

[…]

Costumavam dizer que “filho de peixe, peixinho é”. No caso de Eduardo, a irmã parecia ter vindo do mesmo molde, igualmente sarcástica.

Em certos momentos, Beatriz achava Letícia tão afiada quanto o irmão. O mesmo jeito irônico, as piadinhas certeiras. Era uma família com DNA provocador.

Depois da onda de brincadeiras, finalmente voltaram ao assunto do perfume. Beatriz perguntou de novo o valor, e Letícia se ofereceu para pesquisar. Pouco depois, mandou uma sequência de números.

Beatriz olhou e congelou.

E, dessa vez, veio com mais formalidade ainda. Estava acompanhado do gerente do setor, alegando que precisava discutir os pontos pendentes da proposta de parceria que haviam começado no dia anterior.

Foi Daniel quem interveio, recusando a proposta com educação, porém firmeza.

Mas Gabriel soltou uma risada cínica:

— Já vi gente querendo abrir portas pra fazer negócios, mas fechar a porta na cara é novidade. Sr. Daniel, vai mesmo jogar fora lucro certo por causa de uma birra pessoal?

Não havia mais nem sombra do homem desequilibrado de ontem. Gabriel agora estava frio, lúcido... E assustadoramente obstinado. Quem já passou do ponto de ruptura não volta atrás. Ele agora só conhecia o caminho da insistência.

Daniel recusava fazer negócio?

Não tinha problema. Ele forçaria até que aceitasse.

Afinal, Beatriz não estava se aproximando dele justamente pra ajudar o Daniel a crescer?

Pois então... Gabriel destruiria aquela empresinha medíocre com as próprias mãos. E veria nos olhos dela o desgosto de ver todo o esforço jogado no lixo.