Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 290

Não...

Não era isso que importava agora.

O que martelava na mente de Vitória era outra coisa: por que Gabriel não demonstrava sequer um pingo de preocupação com ela?

Aquele olhar... Aquela expressão...

Frio. Impassível. Quase cruel.

Não havia traço algum de afeto.

Não era possível...

Ele havia pago cinco milhões em indenização por ela.

Ele não havia demonstrado arrependimento?

Não dizia ainda amá-la?

Vitória sentia o pânico crescendo. Um medo irracional, mas real.

Tinha medo de ser abandonada de novo. De ser descartada, como da última vez.

Gabriel era sua única esperança naquele momento.

— Gabi... Por que essa cara? — Murmurou ela, com a voz fraca.

— Qual cara? De quem te odeia menos do que deveria? — Gabriel rebateu. A voz era tão fria quanto o olhar.

A resposta foi como uma punhalada no peito.

Vitória perdeu completamente o chão.

As lágrimas começaram a escorrer, descontroladas, como um colar de pérolas arrebentado.

A voz presa na garganta, chorava sem acreditar:

— Não... Você tá mentindo... Isso não é verdade...

— Chega, Vitória! — Gabriel interrompeu com irritação visível. A paciência dele já estava por um fio.

Ele não estava ali para nostalgia. Estava ali para tirar a limpo, cobrar, pressionar.

— Chorar, chorar... Agora resolveu chorar? Só porque tá numa cela por uns dias? A Beatriz saiu toda machucada daquela história e nem assim chorou. E você agora tá aí, se desmanchando? E ainda tem coragem de achar que eu viria aqui pra te tirar daqui? Acorda. Você devia é agradecer por eu não ter feito questão de te deixar mais tempo presa. Não estou aqui pra conversar. Estou aqui pra saber: que fotos você mandou pra Beatriz? Há um mês. Responde!

As palavras cruéis dele, somadas ao olhar carregado de desprezo, deixaram Vitória sem chão.

Naquele instante, ela acreditou de vez: Gabriel ainda a detestava.

E essa constatação partiu seu coração.

Ela chorava sem parar, mas permanecia em silêncio.

Gabriel esperava, impaciente. Mas ela não abria a boca.

Pegou o telefone de volta, cerrou o maxilar e disse:

— Caralho, Vitória, eu tô perguntando: que fotos você mandou pra Beatriz? Você quis provocar? Quis ameaçar?

Vitória se encolheu do outro lado do vidro. O olhar de Gabriel era tão hostil que ela sentiu um calafrio na espinha.

— Vitória... Você conseguiu me surpreender. Nunca imaginei que fosse tão podre por dentro. Falsa, calculista, venenosa. — Cuspiu ele. — Essa é a verdadeira você, né? Aquela que se escondia atrás de um sorriso. Aquela que me enganou durante anos, fingindo ser outra pessoa.

— Não, Gabi... Por favor... Não é isso... Eu juro que não sou assim... Acredita em mim... — Ela choramingou, desesperada.

— Chega de show! — Rebateu Gabriel, impiedoso. — O que você mandou pra Beatriz? Quer que eu peça uma ordem pra vasculhar seu celular?

Ele sabia que, no dia seguinte, durante a audiência, tudo viria à tona.

Mas precisava de respostas antes. Precisava preparar sua defesa. Dar tempo ao advogado de formular alguma justificativa plausível.

Beatriz havia falado em “marcas de intimidade”...

No pescoço? Ou em outro lugar?

Se Vitória tivesse surtado e tirado fotos de mais marcas só pra incriminá-lo, então ele estaria completamente encurralado.

Sem chance de explicar.

Sem chance de negar.

Preso nas próprias armadilhas.