Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 313

— Olha, não precisa exagerar com meu irmão, viu? Se for só pra manter as aparências, compra uma caneta chique de uns mil reais e pronto. — Sugeriu Letícia, tentando facilitar.

— Mas eu já comprei outro presente. — Respondeu Beatriz.

Letícia ficou surpresa.

— Já comprou? O quê? E nem me contou nada?!

— Um par de abotoaduras. Mas não foi pra agradecer pela ajuda desta vez. — Explicou Beatriz. — É que ontem ele me deu um perfume caríssimo. As abotoaduras são uma retribuição. Agora, o presente de agradecimento mesmo eu ainda não escolhi. Se você tiver tempo, me acompanha pra procurar?

“Uma simples caneta, de fato, estava fora de cogitação. Afinal, o presente era para o Eduardo e um presente barato, além de destoar do padrão dele, podia até ser motivo de desprezo.”

Do outro lado da linha, Letícia soltou um suspiro, meio em tom de resignação, meio sem saber o que dizer.

— Bia... Você é mesmo uma pessoa que se preocupa demais com essas formalidades. Meu irmão te deu aquele perfume como pedido de desculpas. E você ainda vai dar presente em troca? Tá tudo ao contrário! Eu sei que você pode ter ficado sem graça, mas foi ele quem pisou na bola contigo. Era só aceitar e pronto!

— Se fosse um presente comum, tudo bem. Mas aquele perfume é muito caro. Eu me sentiria mal se não retribuísse. — Disse Beatriz.

Era o tipo de presente que equivalia a mais da metade do salário dela. Não era como ganhar algo de uns poucos reais.

— Pode até ser caro pra você, mas pro meu irmão, aquilo é troco de pinga. — Retrucou Letícia. — Pra ele, aquilo foi como jogar água, não significa nada. Então você pode parar com essa história de devolver presente, tá?

Beatriz respondeu com firmeza:

— Mas as abotoaduras eu já encomendei. Não dá mais pra cancelar.

“Encomendou.”

Até usou essa palavra. Ou seja, as abotoaduras também deviam ser bem caras.

“Ai, Bia… Sempre tão certinha, tão meticulosa.

Até pra lidar com presentes, ela fazia questão de deixar tudo bem claro e separado. Nada passava batido.”

— Então faz assim: considera as abotoaduras como o presente de agradecimento pela ajuda com as provas, e pronto. Não compra mais nada. — Letícia cedeu um pouco, tentando encerrar o assunto.

“Será mesmo? Será que tinha interpretado mal as intenções de Eduardo?

Talvez não fosse ele que tinha feito questão da recompensa total.

Talvez ela estivesse vendo coisas onde não havia.”

— Vou perguntar pra ele. Aposto que ele nem sabe que o Leonardo já tinha me contado. Se soubesse, não teria mandado eu reforçar. — Disse Letícia, já abrindo o chat com o irmão.

— Não precisa perguntar. — Beatriz respondeu rapidamente.

Algo naquele gesto de ir atrás da confirmação direta a incomodava. Parecia... Invasivo demais.

— De toda forma, era algo que eu já pretendia fazer desde o início. — Acrescentou ela, tentando reafirmar sua posição.

Letícia não respondeu imediatamente. Passaram-se alguns segundos — e então, sem dizer nada, ela mandou um print para Beatriz.