Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 324

Provavelmente era mais uma encenação do Gabriel. Um teatrinho de autopiedade, só para ver se Beatriz ainda se importava, se ela voltaria para cuidar dele.

O carro acelerou na saída, deixando para trás a ambulância e qualquer possibilidade de Gabriel sair vencedor com aquele truque barato.

— Acho que você não comeu quase nada antes... Vou reservar outro restaurante. — Disse Daniel, enquanto dirigia.

— Não precisa. Eu nem estava com tanta fome assim. — Respondeu Beatriz.

Ela virou o rosto e perguntou, em tom leve:

— E você?

— Eu tô tranquilo. — Disse ele.

— Melhor a gente ir mesmo... Você mal conseguiu comer antes de ser interrompido. — Insistiu ela.

Ao ouvir isso, Daniel pensou: “Mesmo que não precisasse comer, voltar direto pra casa significava que o tempo com Beatriz acabaria ali.”

— Que tal só uma sobremesa? A gente pode ir a uma cafeteria. — Sugeriu ele, como quem propõe algo simples, mas com segundas intenções sutis.

Beatriz assentiu com a cabeça, sem pensar muito no porquê.

Pegou o celular, pesquisou por cafeterias ali perto e logo escolheu uma bem avaliada, com boas recomendações. Os dois seguiram de carro até lá.

Daniel não havia esquecido o que dissera mais cedo, sobre comemorar com um bolinho. Apesar de naquela hora parecer só uma provocação ao Gabriel, ele falava sério.

Pediu discretamente à atendente um Bolo Floresta Negra com Rosas, delicado e elegante.

Quando o doce chegou à mesa, Beatriz se surpreendeu. Ficou alguns segundos olhando o bolo, sem dizer nada. Não imaginava que Daniel tivesse realmente feito aquilo por ela.

— Que foi essa cara? Se surpreendeu? Come aí. — Disse Daniel, sorrindo do outro lado da mesa, descontraído.

Beatriz agradeceu, pegou a faca e cortou o bolo. Dividiu metade para ele.

— Um quinto tá ótimo. Eu não sou muito de doce. — Disse Daniel.

Beatriz levantou os olhos, levemente confusa.

Se ele não gostava de sobremesas... Por que tinha sugerido vir a uma cafeteria?

Mas, no segundo seguinte, a resposta apareceu sozinha na mente dela e seu rosto ficou um pouco imóvel, sem saber exatamente como reagir.

Beatriz fez que sim com a cabeça e pediu uma água com gás. Daniel escolheu um café aromatizado.

Enquanto provavam as sobremesas, conversavam de forma descontraída.

— O Gabriel recorreu. O seu advogado tá confiante em manter a decisão da primeira instância? — Perguntou Daniel, em tom casual.

— Tá sim. O doutor Leonardo me disse pra ficar tranquila. — Respondeu ela.

Daniel assentiu.

— Conhecendo o Gabriel, é bem provável que ele não vá desistir tão fácil... Mas, sinceramente, eu não achei que vocês ganhariam tão rápido.

— Na verdade, não foi fácil no começo. — Disse Beatriz. — O juiz tentou mediar pessoalmente... Sugeriu que eu desse uma chance pro Gabriel se arrepender e mudar.

Ela fez uma pausa antes de continuar:

— Mas depois o mordomo da família Pereira apresentou um acordo assinado de dois anos atrás. Com isso, e o peso do nome do Sr. Henrique... A decisão foi praticamente automática. A vitória veio na hora.

Daniel ouviu com atenção, os olhos pensativos.