Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 338

— O motorista era homem. — Completou o informante.

— Não precisa ser tão específico. — Respondeu Gabriel, com expressão impassível.

Dizer que era um motorista de aplicativo já bastava. O importante era que não fosse um conhecido dela. Não precisava saber o sexo do sujeito.

Do outro lado da linha, o profissional pensou com ironia:

“Com o nível de possessividade que o senhor tem pela alva, imaginei que qualquer presença masculina ao redor dela poderia provocar uma crise de ciúmes. Se um pernilongo macho pousasse no ombro dela, eu também teria que avisar...”

Mas, claro, esses comentários ficavam apenas no pensamento. Ele era profissional. E o pagamento estava muito acima da média, não seria burro de estragar o negócio com um cliente tão generoso. Afinal, só com esse trabalho já embolsava mais do que muita gente em um mês inteiro.

Enquanto isso, Gabriel abria os anexos no computador.

A maior parte dos arquivos era composta por fotos. Beatriz, Daniel e Letícia estavam reunidos num restaurante, jantando juntos.

O pagamento generoso de Gabriel garantia que, exceto em locais extremamente exclusivos, os detetives contratados sempre conseguissem se infiltrar nos estabelecimentos, tirar fotos discretas e, às vezes, até ouvir partes da conversa.

A maioria das imagens não dizia muita coisa.

Exceto uma.

O bolo.

Bem no centro da mesa, o bolo chamava atenção. Gabriel sentiu o sangue ferver só de olhar.

Dois dias antes, aquele maldito do Daniel havia dito, na cara dele, que compraria um bolo para comemorar o divórcio de Beatriz.

E agora, ali estava ele, cumprindo a promessa.

Gabriel leu o pequeno resumo que acompanhava as fotos. O motivo do jantar, como ele temia, era exatamente esse: comemoração.

Beatriz comemorando o fim do casamento.

Suas têmporas pulsaram de raiva.

Lembrou-se também de que, naquela mesma noite, seu avô havia dispensado toda a equipe jurídica e retirado o processo de apelação. Beatriz certamente soubera disso pela boca dos advogados.

E então... Ela correu para comemorar.

Sem nem esperar o fim de semana.

Mal conseguia acreditar.

Beatriz estava mesmo ansiosa para se livrar dele.

Nem tentava esconder.

Gabriel fechou a mão com força, o maxilar tenso.

Sentia raiva.

Mas, mais do que isso... Dor.

Especialmente ao olhar o sorriso estampado no rosto dela.

Aquele sorriso aberto, leve, iluminado, nunca fora para ele.

Por mais que sua mente estivesse um turbilhão, Gabriel ainda assim salvou todas as imagens no computador.

E, num impulso, abriu o editor de imagem.

Com poucos cliques, recortou Daniel. Depois, Letícia.

Deixou só Beatriz.

Sorrindo.

Só ela.

As partes da imagem que não conseguia recortar, Gabriel cobria com uma densa camada de mosaico.

Depois, salvava cuidadosamente numa pasta separada do computador.

Aquela pasta guardava todas as fotos recentes de Beatriz, tiradas pelos detetives que ele contratara para vigiá-la.

Andando na rua, conversando com alguém, sorrindo, franzindo o cenho, cada gesto, cada olhar.

Todas em altíssima resolução.

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