Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 386

Havia algo de complexo, indecifrável... E também um quê de perigo latente no ar.

Gabriel, que ainda estava fervendo por dentro depois de tudo com Eduardo, mas não tivera a chance de extravasar, foi escoltado à força pelos seguranças de volta ao Grupo Pereira. Agora, andava pelos corredores como um barril de pólvora ambulante, quem ousasse se aproximar podia ser o próximo a explodir.

E como se o destino tivesse decidido testar sua paciência... Justo nesse momento, alguém apareceu para se sacrificar.

As portas do elevador exclusivo se abriram.

Gabriel saiu com o rosto fechado. Uma nuvem escura praticamente envolvia seu corpo inteiro, como se estivesse a segundos de perder o controle.

Rafael o seguia logo atrás, em passos tímidos, quase sem fazer barulho, mantendo uma distância segura de mais de um metro.

— Irmão, já terminou o expediente? O papai reservou um restaurante pra jantarmos em família... — Disse uma voz masculina ao lado, desconhecida para Rafael, mas carregada de gentileza e boa intenção.

Gabriel virou o rosto num estalo.

E no segundo em que seus olhos bateram no rosto do rapaz, o maxilar travou, os punhos se cerraram com força e o olhar se tornou assassino.

Atrás dele, Rafael também olhou reflexivamente e ao reconhecer o rapaz, sentiu o sangue gelar nas veias.

“Pronto. Agora sim. O Sr. Gabriel vai explodir de verdade.”

Aquele rapaz, sorridente e inocente, não era outro senão o irmão mais novo de Gabriel, o neto bastardo do Sr. Henrique, fruto do caso extraconjugal que o pai mantivera.

Gabriel já odiava com todas as forças o fato de o pai ter traído a família.

E, por extensão, também odiava a amante e o filho que ela teve.

No último fim de semana, ele ainda havia recebido ordens expressas para vigiar discretamente esse rapaz. E agora o sujeito simplesmente aparecia, espontaneamente, no andar da diretoria.

— Fora. — A palavra saiu como um tiro seco, fria e carregada de ódio.

O olhar de Gabriel poderia matar.

O jovem ficou paralisado, claramente sem esperar aquela reação. Os olhos arregalados de espanto, como se tivesse levado um tapa invisível. Ficou ali, plantado no mesmo lugar, sem saber o que fazer.

— Quem autorizou ele a subir até o andar da presidência? — Gabriel virou levemente a cabeça e falou com Rafael, a voz gélida como uma lâmina. — Mande esse moleque arrumar as coisas e sumir daqui. Agora.

Rafael engoliu em seco.

Normalmente, nenhum funcionário tinha acesso ao topo do prédio sem autorização expressa da diretoria.

Então... Como aquele filho ilegítimo chegou até ali?

Será que usou o sobrenome para subir?

Será que o pessoal da sala dos assistentes ficou com medo de barrar?

E pior: desferiu um chute violento que mandou o presente voando pelo corredor.

A caixa bateu na parede, rodopiou no chão e, ao se abrir, um som seco de vidro quebrando encheu o ar.

Ela rolou mais um pouco... Até parar.

— Você e tudo que vem de você me dá nojo. Some da minha frente. Nunca mais apareça no meu caminho! — Rosnou Gabriel, os olhos quase injetados de sangue.

Sem olhar para trás, deu meia-volta e entrou em sua sala com passos pesados, a porta se fechando com estrondo logo depois.

No corredor amplo, um silêncio sepulcral se instalou.

Ninguém ousava sequer respirar.

Só então os funcionários da sala dos assistentes ousaram espiar para fora, todos com rostos tensos, assustados, sem saber o que dizer.

Rafael ficou parado, observando o jovem, agora sem alma nos olhos, como um fantasma.

Ele caminhava lentamente em direção à caixa caída, os passos arrastados como se pesassem toneladas.

Ajoelhou-se devagar.

Sem dizer uma palavra, começou a juntar os pedaços espalhados no chão.