Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 412

Ele saiu da sala de visitas, mas continuava com a cabeça cheia de perguntas.

Quem é esse tal de Davidson? Que tipo de e-mail é tão importante assim? A ponto de o Sr. Gabriel estar tão ansioso pra saber logo o conteúdo?"

E mais: o comportamento do Sr. Gabriel hoje tinha sido estranho. Rafael havia notado isso. Perguntou, e mesmo assim ele não quis dizer nada.

Na sala de visitas do presídio, do outro lado do vidro, Gabriel soltou lentamente o telefone. Depois se virou devagar, o corpo rígido, movendo-se como um tronco seco, sem vida, arrastando os pés pelo chão a cada passo.

A senha do seu e-mail... Há anos não mudava. Ele usava a mesma sequência para quase tudo, aplicativos, documentos confidenciais, arquivos criptografados.

E a origem daquela senha?

Era um código que misturava as iniciais do nome de Vitória Lima com a data de aniversário dela.

Desde os tempos da faculdade, aquela combinação o acompanhava.

Estava tão habituado a usá-la que raramente parava pra pensar nisso. Mas hoje, ao falar em voz alta, foi como se algo dentro dele estalasse.

Não era exatamente nostalgia. Afinal, a essa altura, Vitória só despertava nele nojo e desprezo.

O que lhe veio à mente foi... O bloqueio da tela do seu computador. Usava exatamente a mesma senha.

A princípio, ele tinha desconfiado que Beatriz mandara alguém deletar as gravações das câmeras, porque ela sabia a senha do computador.

Mas e agora?

Vitória também sabia. Foi ela, aliás, quem exigiu, anos atrás, que ele colocasse aquela senha. Disse que queria que ele nunca esquecesse.

Um aperto seco e profundo tomou conta de seu peito. Uma tristeza amarga, quase sem cor, se espalhou por dentro. Era como se a esperança tivesse morrido por completo.

Pra que esperar o resultado do Davidson? Mesmo que ele tivesse recuperado os arquivos... O que Gabriel teria visto ali?

Voltou para a cela com o rosto abatido, os olhos vazios, os passos arrastados como se a alma tivesse sido arrancada do corpo.

Deitou-se na cama, virado de bruços. Apertava as mãos com força, tão forte que os nós dos dedos ficaram brancos. Os ombros tremiam. O corpo inteiro estremecia em silêncio.

Por causa da ordem e da insistência do Sr. Gabriel, Rafael acessou a conta de e-mail pessoal do chefe logo que chegou ao escritório no dia seguinte.

Entre as dezenas de mensagens profissionais, foi rolando a lista até a segunda página, quando finalmente viu: um e-mail de um tal de Davidson, enviado na madrugada de dois dias atrás.