Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 644

Renato já não aceitava mais aquela explicação, porque não era nenhum tolo.

— E desde quando alguém muda da noite para o dia? Faz menos de dez dias que ela saiu da detenção. — Disse, frio.

No fundo, ele já tinha um palpite. Sua irmã sempre fora de temperamento instável, mas sabia disfarçar com uma aparência de bondade. Na medicina, chamavam esse tipo de pessoa de personalidade dissociada.

Na noite anterior, um dos policiais já havia alertado: sua irmã apresentava traços de personalidade histriônica.

E Eduardo também afirmara que ela sabia se disfarçar muito bem, que não era nada daquilo que Renato via em sua fachada.

Mas até então, o filtro familiar tinha sido forte demais. A fé cega no sangue, a confiança de irmão… Ele simplesmente não conseguia acreditar.

Renato abriu a gaveta e retirou o laudo de DNA que a secretária havia providenciado. Olhou fixamente para a conclusão, sem dizer uma palavra.

— Chefe, eu garanto: acompanhei todo o processo do exame, não houve troca de amostras. O cabelo era mesmo da Srta. Vitória. — Comentou a secretária, percebendo a tensão.

Renato permaneceu ainda mais em silêncio.

Ele mesmo lembrava: fora a própria Vitória quem lhe entregara aquele fio de cabelo.

— A partir de agora, quero que alguém a siga discretamente. Principalmente quando sair de casa. — Ordenou Renato. — E se houver qualquer sinal de transmissão de dados ou rede estranha dentro do quarto dela, bloqueiem tudo.

A secretária entendeu e saiu para providenciar, fechando a porta atrás de si.

— E mais uma coisa. — Completou Renato, a voz baixa, mas cortante. — Quero que encontrem os criminosos desta vez. Deixem um vivo. Eu mesmo vou interrogá-lo.

A secretária assentiu antes de desaparecer no corredor.

Renato continuou sentado, imóvel, os olhos voltando àquela gravação de vigilância.

Ele conhecia Letícia. E a outra só podia ser a ex-esposa de Gabriel.

A imagem era embaçada, não dava para ver o rosto com clareza, apenas a silhueta frágil.

Magérrima, tão leve que um homem a erguia inteira sem esforço.

— Foi apenas uma lembrança simples. Se lhe foi útil, então já cumpriu seu valor. — Replicou Renato.

As cortesias terminaram rapidamente, e Renato entrou no assunto principal:

— Sr. Henrique, gostaria de lhe perguntar… Por que o senhor escolheu a Beatriz como esposa do Gabriel?

Assim que falou, apressou-se em completar:

— Não estou tentando defender a Vi, muito menos cobrar explicações. É apenas uma dúvida sincera, queria entender o que o senhor pensava na época.

Do outro lado da linha, o Sr. Henrique ficou em silêncio por alguns segundos. Ele sabia que, diante da atual situação de Vitória, não poderia se alongar demais, mesmo que Renato dissesse que era “só uma pergunta”.

— Eu simplesmente achei que os dois não combinavam. Mas não deixei sua irmã desamparada, ela recebeu dez milhões. — Respondeu o Sr. Henrique com calma.

Ao ouvir aquilo, Renato disse:

— Eu sei dessa parte. Mas então por que escolheu a Beatriz? Pelo que sei, Beatriz não é do nosso meio, é uma jovem comum, sem conexões.