Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 766

Os avaliadores se entreolharam, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos, como se estivessem pesando prós e contras.

Beatriz esperou alguns segundos e, como nenhuma nova pergunta veio, já se preparava para descer do palco.

Foi então que o avaliador sentado bem ao centro ergueu a voz:

— Há quanto tempo você está no setor? Já possui algum histórico de resultados de destaque?

As mãos de Beatriz se apertaram levemente.

Afinal, fazia menos de dois meses que havia ingressado na Aurora e conquistas relevantes... simplesmente não tinha nenhuma para mostrar.

Mentir não era uma opção. Então respondeu com franqueza.

Ao ouvir aquilo, a plateia se surpreendeu de verdade.

Todos imaginavam que ela parecia ser novata, mas não, ela era de fato uma estreante, tão nova na profissão que mal dava para acreditar.

Beatriz, porém, não recuou.

— Mas eu não acredito que apenas a experiência defina tudo. O rio sempre traz novas ondas para empurrar as antigas. Os mais experientes têm, sim, a sua sabedoria, mas os mais jovens também avançam, ousando e criando o novo. — Disse ela, firme, encarando o homem que havia feito a pergunta. — Vivemos numa era de mudanças rápidas. Só quem caminha na linha de frente da inovação consegue decifrar os códigos do futuro e abrir novos caminhos para o sucesso.

Se a HG fosse uma empresa que só julgasse pela senioridade, pensou ela, jamais teria alcançado o patamar que ocupa hoje.

E de fato, sua impressão estava correta.

— Acho que você me entendeu mal. — O avaliador respondeu com um sorriso. — Não quis dizer que você não fosse confiável. Apenas estava curioso sobre sua trajetória.

Beatriz inclinou a cabeça, pedindo desculpas:

— Perdoe-me. Interpretei mal as suas palavras.

O homem sorriu novamente, sem dar importância:

— O seu futuro é brilhante. Não tenho dúvidas de que será extraordinário.

As palavras a aqueceram por dentro. Beatriz voltou a inclinar a cabeça em agradecimento, sentindo-se verdadeiramente encorajada.

— Você chegou a estudar fora? — Quis saber um dos avaliadores, assim que Beatriz deixou o palco.

— Não, eu me formei na Universidade A. — Respondeu.

Beatriz se virou discretamente e lhe retribuiu um sorriso cúmplice.

Quando o último grupo terminou sua exposição, todos foram dispensados. A HG anunciaria a empresa escolhida dali a dois dias, após uma votação interna.

Saindo do prédio ao lado de Murilo, Beatriz sentia o corpo finalmente relaxar. O peso do projeto havia ficado para trás, agora só restava esperar o resultado.

O elevador comum se abriu, liberando um fluxo de pessoas. Ao mesmo tempo, a porta do elevador VIP deslizou suavemente.

O gerente da HG, sorridente, fazia um gesto respeitoso de “por favor”, enquanto falava em voz baixa com o convidado.

Instintivamente, todos olharam naquela direção. Beatriz também virou o rosto.

No grupo, cercado por deferências, ela conseguiu ver apenas metade de um ombro largo, de um corpo imponente.

Mas bastou aquele detalhe para que seus dedos se fechassem em punho.

Porque o convidado de honra, tratado com tamanha reverência, não era outro senão Gabriel.

Rapidamente, Beatriz desviou o olhar e se moveu discretamente para a lateral, deixando que as pessoas ao redor encobrissem sua presença.