Ficar ou correr? romance Capítulo 1346

Vi com meus próprios olhos. Eu não apenas pensei que ele fez isso, eu sabia que o homem fez! Olhei para Júlio, mas ele estava atrás de Pedro, calmo, como se não tivesse feito nada.

Bem, talvez ele não tenha feito, mas como eu saberia? Júlio trabalhou para Pedro tempo suficiente para se tornar um especialista em esconder suas emoções. Eu não tinha certeza se ele era realmente inocente ou se estava apenas fazendo uma encenação.

Refleti um pouco e me acalmei.

“

Cadê o voluntário?”, perguntei a Pedro. Eu não acreditaria que ele não tivesse nada a ver com isso até ver o voluntário.

Pedro sabia que essa pergunta viria, então olhou para a porta mecânica à sua direita.

“

Abra a porta”, ele ordenou, com frieza.

A porta se abriu. Olhei novamente para Pedro antes de entrar na sala. Tive que passar por mais alguns cômodos até finalmente ver os voluntários que estavam se arriscando por mim.

Era uma sala de cem metros quadrados, dividida em quatro partes iguais. Os voluntários estavam mantidos atrás de paredes de vidro. Não havia nada além de camas e escrivaninhas dentro. Os voluntários usavam roupas de paciente e viviam ali como mercadorias em uma prateleira. Isso facilitava para os pesquisadores observarem o efeito do remédio.

“Eles vão voltar em segurança depois do experimento. E vão receber um milhão como agradecimento. Além disso, os Carvalhos cuidarão deles pelo resto da vida”, Pedro disse friamente, como se estivesse apenas listando os itens de uma compra.

Eu sabia que ele estava fazendo isso por mim, mas não conseguia aceitar que outra pessoa precisasse ser sacrificada por isso. Nem mesmo um minuto se passou antes que eu quisesse ir embora.

Pedro mandou que seus homens saíssem e se aproximou de mim.

“

Apenas finja que nunca viu isso. Fui eu quem fez, então não tem nada a ver com você. Se alguém tiver que se ferrar, esse alguém sou eu.”

Fiquei imersa nos meus próprios pensamentos durante o caminho de volta. Minhas perguntas foram respondidas, mas ainda assim, aquela sensação de desconforto não desapareceu. Será que perdi alguma coisa?

“Eu arriscaria minha vida por você, mas precisamos viver até nossa vingança. Não farei nada que nos machuque. Acha que sou egoísta por isso?”

Ele era um homem heroico, mas, ao mesmo tempo, havia nele uma melancolia profunda. Senti uma vontade imensa de abraçá-lo, de dizer que tudo ficaria bem.

Então me senti mais tranquila. Contanto que ele estivesse seguro, nada mais importava. Sorri e segurei sua mão.

“

Fico feliz que saiba o que está fazendo. O professor Sanchez disse que o veneno se mutou, então não sabemos realmente quanto tempo posso aguentar. Estamos apenas adiando o inevitável. Se você tivesse se arriscado por mim e morrido, quem cuidaria de mim e do bebê?”

Pedro pensou no que eu disse, embora nunca tenha respondido.

Não havia trânsito na madrugada, mas ele ainda dirigia com cuidado. Algo nele continuava a me causar desconforto. Eu não conseguia esquecer como ele parecia naquela noite, independentemente de quantos anos tivessem se passado. Ele estava tão calmo quanto um lago em um dia sem vento, mas, sob aquela fachada, eu ainda podia sentir seu amor por mim, tão forte quanto sempre.