Ficar ou correr? romance Capítulo 281

Mordi meus lábios. Ela estava certa. Afinal, Paulo estava morto. Pedro manteria a sua palavra, não importa o que acontecesse, se Rebeca precisasse dele, ele teria de cuidar dela.

“Rebeca, se está disposta a sacrificar toda a sua vida, não me importo. Afinal, Pedro e eu dividimos uma cama à noite. E sabe muito bem que ele não te ama como um homem ama uma mulher. Não acredito que aceite ficar esperando por ele. Nem é amante dele. Se for esse o caso, por que deveria me importar?"

À medida em que a cor desaparecia de seu rosto, continuei: “Sua existência, volta e meia, pode nos incomodar, mas terá que passar o resto da sua vida assim. No entanto, se deixar o Pedro, terá uma vida diferente. É uma mulher bonita com uma família poderosa. Haverá outros homens que podem te fazer feliz. Olha, Armando é um bom exemplo. É óbvio que ele gosta de você. Mesmo que a reputação de sua mãe esteja na lama, ainda pode cuidar dela. A família Leão é forte demais para ser destruída por mim. Então, contanto que vá embora, não destruirei o seu futuro."

Estava dizendo a verdade. Contanto que ela estivesse disposta a desistir de tudo, nada que eu fizesse a prejudicaria. No entanto, a julgar pela sua persistência em relação ao Pedro durante todos aqueles anos, sabia que ela não desistiria dele tão fácil por estar acostumada à sua presença. Minhas suspeitas se confirmaram quando vi o brilho ameaçador em seu olhar.

“Não, não vou deixá-lo. Se vai se recusar a deixar minha mãe em paz, lutaremos até o fim. Vamos dificultar as coisas uma para a outra. Scarlett, você não quer mais nada, mas eu quero tanto ele, quanto a minha família. Não vou desistir”, falou balançando a cabeça.

Dei de ombros.

"Muito bem. Vamos ver quem vai ganhar."

Rebeca era gananciosa, ela queria tudo. Ela estava certa. Parecia que eu não queria nada além de vingança, mas era apenas porque não tinha mais nada a perder. Não percebi quando ela saiu do café. Sentada em minha cadeira, senti meu coração apertar. Para ela, perder um bebê significou alguns dias de dor. Depois que perdi meu filho, perdi a vontade de viver. Ela tinha seus pais e parentes, mas eu não tinha ninguém.

A mancha de café tinha secado. Sabia que àquela altura não passava de uma bagunça ambulante. Levantando-me, me preparei para voltar ao trabalho. De repente, notei alguém parado ao meu lado. A aparição repentina de Pedro me assustou.

Pensei que ele estivesse ocupado.

"Por que está aqui?", perguntei e peguei minha bolsa, me preparando para sair.

"Quem estava aqui com você?"

“Ninguém!", retruquei.

Virando-me, vi João e Armando sentados em uma mesa próxima. Parecia que tinham acabado de chegar.

"Por que sua roupa está manchada de café?", perguntou, insistindo.

O café já havia secado, mas a mancha ainda era visível.

"Derramei café em mim mesma", menti.

Ele olhou para mim como se eu fosse uma palhaça fazendo papel de boba.

"Derramou café em si mesma?"

Mordi o lábio e mudei de assunto.

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