Ficar ou correr? romance Capítulo 436

Engasguei enquanto a abraçava. “Vou te levar para ver seu pai. Como seus amiguinhos, vão passar o tempo juntos todos os dias, tá?”

Perplexa, a menina arregalou os olhos. “Sério? Não está mentindo para mim, está?”

“Quando menti? Hein?”

“Então, podemos trazer Michael junto?”, perguntou lançando-me um olhar pidão.

“Seu amigo tem o pai dele. Se for conosco, terão que se separar. Quer que ele viva longe do pai?”

Ela negou com a cabeça. “Não!”

“Cada um de nós tem algo que guardamos em nossos corações. Recebemos o que pedimos.”

Aquilo a fez ficar em silêncio por um tempo, depois levantou a cabeça para me olhar nos olhos. “Mamãe, aceito ir para Nova Itália com você.”

Assenti em resposta à decisão dela. Todos nós temos necessidades e desejos diferentes. Portanto, nossas prioridades são diferentes.

Não tinha marcado uma data para voltar. Primeiro, precisava garantir que todas as tarefas que tinha aqui fossem concluídas.

Graças à vinda de meu tio e meu irmão e ao tratamento especial que Colin me oferecia, os funcionários do hotel me desprezavam.

Quanto mais meninas, mais dramas.

Quando estava no banheiro, ouvi algumas falando pelas minhas costas.

“Quem você acha que é o pai da filha de Scarlet? Seria de Marcelo?”

“Muito improvável. Eles não são irmãos?”

“Há uma série de escândalos varridos para debaixo do tapete entre ricos e famosos. Caso contrário, por que teria vindo para cá em vez de desfrutar de uma vida luxuosa em Nova Itália? Não acha estranho que ela tenha vindo para uma cidade pequena com uma criança?”

“É verdade. Nunca a ouvimos mencionar o pai, nem nunca o vimos. Será que é a filha de Marcelo?”

“Um caso de incesto. Aí engravidou e se escondeu aqui para evitar especulações.”

Isto é nojento. Me encolhi. Fofocas tem um efeito assustador.

Uma garota correu de uma das cabines. “Nossa, acho que estou menstruada. Quem tem um absorvente?”

“Não tenho.”

“O que eu vou fazer? Estou de saia branca hoje. Tenho medo de manchar.”

A garota estava numa situação ruim.

Empurrei a porta da cabine e lhe entreguei um absorvente sem dizer uma palavra. Lavei as mãos e saí.

Minha aparição abrupta fez algumas das garotas se sentirem desconfortáveis.

De qualquer forma, estava tão acostumada a todas essas conversas e tinha ouvido diferentes versões delas.

Voltei para minha mesa e continuei organizando os arquivos. Me pergunto como devo contar a Colin sobre minha demissão.

Estudei seu crachá com cuidado. Amanda Sampaio.

E então voltou para sua mesa.

Ao meio-dia, Amanda tomou a iniciativa de se aproximar de mim.

“Vamos almoçar juntas.”

Fiquei surpresa com o convite e verifiquei a hora.

Quis recusar, mas mudei de ideia quando a vi ansiosa por uma resposta afirmativa.

“Claro, vamos.”

Não havia muitos restaurantes nas proximidades do hotel, além de algumas lanchonetes e restaurantes pequenos.

Ela escolheu a segunda opção. Encontramos uma mesa e fizemos o pedido.

Parecia ter algo a dizer.

Bebi minha água com indiferença.

“Sinto muito por esta manhã. Sinto muito mesmo. Por favor, não leve a sério.” Fez uma pausa antes de continuar: “Além disso, obrigada.”

Aceitei com um sorriso. “Está tudo bem. É tudo conversa fiada. Já estou acostumada.”

A garota se sentia culpada. “Por que não se explica?”