Ficar ou correr? romance Capítulo 466

Júlio entregou vários pratos enquanto eu organizava os livros na sala de estar. Enquanto se movia, perguntou: “Está se preparando para o exame?”

Eu assenti. “Queria fazer o exame há um tempo, mas tive que adiar depois de tudo o que aconteceu. Agora que finalmente tenho tempo, posso fazê-lo.”

Ele sorriu. “Isso é bom. É bom poder fazer as coisas que gosta.”

Era raro ouvir um homem normalmente reservado como Júlio pronunciando tais palavras.

Quando Pedro retornou com Suelen, eu estava prestes a cozinhar depois de ter lavado os vegetais.

Ao me ver na cozinha, seu corpo esguio veio até mim por trás me abraçou carinhosamente. “Cada vez que te vejo na cozinha, sinto que sou o homem mais sortudo do mundo.”

Não pude deixar de rir. “Não seja bobo. Quem virá mais tarde?”

“Marcelo e sua noiva, que será sua cunhada.”, ele disse com um sorriso, inclinando-se para me beijar nos lábios quando me viu o encarando de lado.

Me desviei a tempo para evitar, repreendendo: “Pare com isso. Júlio e Suelen estão por aqui.”

“Apenas cinco segundos.”, ele disse com a voz rouca.

Mas nunca eram apenas cinco segundos com ele. Se não fossem os legumes na frigideira, teria levado vários cinco segundos a mais do que uma mão poderia contar.

Assim que terminei de cozinhar, o som de um motor de carro soou do lado de fora. Ouvindo isso, Suelen correu energicamente em direção a ele.

Quando viu Marcelo sair do carro, pulou nele sem pensar duas vezes e gritou de animação: “Tio Marcelo!”

Ele caminhou até o lado do passageiro e abriu a porta do carro com Suelen em seus braços.

Nunca imaginei que a mulher que apareceria à vista seria Ana.

Tendo a encontrado apenas algumas vezes quatro anos atrás, parecia que não tinha mudado muito. Estava tão gentil e elegante quanto costumava ser, embora, ao invés do vestido justo que costumava adorar, agora usava um mais solto.

Bem, acho que não é uma estranha.

Ela se virou para mim e sorriu levemente. “Faz tempo que não a vejo.”

Voltei a mim mesma e me aproximei dela, pegando sua mão. “Faz tempo mesmo. A comida está pronta. Vamos comer primeiro.”

Enquanto nós quatro nos sentávamos, Marcelo lançou um olhar para Pedro por um momento antes de pousar seu olhar em mim. “Se está acostumada a viver em um apartamento no centro da cidade, então não mude mais. Uma casa não deve ficar vazia por muito tempo de qualquer maneira.”

Franzi a testa. A maneira como Marcelo estava se comportando era incrivelmente cruel. De qualquer forma, Ana já estava grávida. Ele não deveria a magoar descontroladamente dessa maneira.

“Suelen, seja boazinha e coma sua comida.”, eu disse. Olhando para Marcelo, o servi alguns pratos e questionei: “Ainda se lembra de quando pegou um filhote no campo quando eu tinha onze anos?”

Ele pareceu surpreso com minha mudança abrupta de assunto, mas ainda respondeu: “Sim. Foi há tanto tempo.”

“Se lembra do que aconteceu com o filhote?”

Ele pensou por um momento. “Te deixei ficar com ele, mas só o criou por alguns meses antes de doá-lo quando teve que ir para a escola no condado.”

Eu assenti. “Naquela época, achei que era um incômodo levá-lo comigo. Então, o dei embora. Mas quando tentei procurá-lo depois, não consegui mais encontrá-lo. Todos esses anos, sempre me perguntei, se não o tivesse mandado embora, mas o deixasse ficar no quintal para acompanhar a vovó, talvez eu não me sentisse tão culpada toda vez que me lembro disso.”

Ele permaneceu em silêncio por um tempo e encheu meu prato com um pouco de carne antes de murmurar: “Isso é coisa do passado.”

“Mamãe costumava ter um filhote? Era como o Floquinho?”, Suelen interrompeu, olhando para mim curiosamente.

Sorrindo, eu assenti.

“Então, não vou perder o Floquinho da próxima vez. Vou cuidar bem dele para que não tenha arrependimentos no futuro.”, ela afirmou orgulhosamente.