Ficar ou correr? romance Capítulo 90

Pedro acenou com a cabeça. Apesar de terem passado apenas algumas horas, parecia que tinha envelhecido muito. Sentindo-me exausta após ser levada para o hospital, adormeci rapidamente.

Na manhã seguinte, fui acordado por uma comoção. Vi a enfermeira a mudar o meu gotejamento intravenoso quando abri os olhos. Massageando minhas têmporas, perguntei: "Quem está discutindo lá fora?”

Parando o que estava fazendo, a enfermeira respondeu: "São o Sr. Pedro e a Sra. Lopes. Ela quer te visitar, mas ele não quer permitir a sua entrada. Por isso, ela está chorando do lado de fora."

Chorando?

Fiquei em silêncio, pensando que o choro de Rebeca era provavelmente falso. Vendo que a enfermeira estava prestes a sair, perguntei: "Quando você sair, você pode dizer-lhes para entrar?”

Ela acenou com a cabeça, pegou os frascos de remédios e saiu. Logo depois, Pedro e Rebeca entraram. A testa dela estava enfaixada, provavelmente devido a uma lesão da noite passada. Seus belos olhos estavam inflamados, a fazia parecer pior do que estava.

Ela entrou na enfermaria com Pedro. Olhando para mim, ela fingiu preocupação e perguntou:

"Você está bem, Scarlett?”

Eu ri. "Lamento que ainda esteja viva. Acho que o seu desejo não se realizou.”

"Scarlett, você precisa ser tão sarcástica?”, ele disse desgostoso.

Eu ri. Com uma voz desprovida de emoções, eu disse: "Não vou me atrever. Você é impressionante, Sr. de Carvalho. Quase me matou. Prefiro ficar longe de você."

Devido à atmosfera solene, ele não estava disposto a falar muito comigo. Em vez disso, ele arrastou Rebeca para fora do hospital. Deitada, senti uma onda de desânimo e uma sensação de derrota tomarem conta de mim. Em um certo momento da vida, era certo que toda esperança seria perdida.

Muitas coisas aconteceram nos últimos dias, as notícias chocantes que Heitor publicou, Rebeca reencontrando a sua família e o retorno de Marcelo para Augusta, em busca de expandir a sua carreira. No entanto, não prestei atenção a nenhuma delas.

Depois de uma semana no hospital, completei três meses de gravidez. Minha gravidez era mais perceptível, devido a minha barriga que se tornava mais protuberante. Às vezes, me perdia em pensamentos enquanto acariciava meu estômago, ou olhava para o teto. Pedro me visitava quase todos os dias, e ocasionalmente falava comigo. No entanto, brigávamos todas as vezes. Aquilo acontecia com alguma frequência. No final, ele não me visitava muito. Mas isso não interferiu no cuidado que os médicos e enfermeiros tinham para comigo.

Não perguntei por que ele não me visitava. Sra. Espíndola me visitava diariamente, trazia diferentes sopas que preparara para mim. Às vezes, quando sonhava acordada, ficava ainda mais relutante em ter o bebê, talvez devido ao meu estado mental.

Fiquei em silêncio depois disso. Olhando para os casais que se abraçavam nas ruas, lembrei-me dos últimos vinte anos da minha vida. Não parecia ter namorado ninguém do jeito certo. Nunca tinha experimentado o sentimento feliz de amor, nem como amar alguém ou ser amado. Um quarto da minha vida tinha passado, mas eu parecia não saber de nada. Ao pensar nisso, não pude deixar de rir de mim mesma. Estava destinada a uma vida infeliz para sempre?

“Do que você está rindo?” Quando Pedro percebeu minha risada, ele de repente perguntou.

Balancei a cabeça e respondi com indiferença: "Lembrei de algo engraçado.”

"O quê?” Embora ele quisesse saber, eu não estava disposta a responder.

O silêncio encheu o carro novamente. Depois de algum tempo, chegamos à mansão. Quando saí do carro, a Sra. Espíndola correu e perguntou:

"Você está se sentindo melhor? Fiz mingau de aveia para você. Quer um pouco?"

Sorrindo levemente, balancei a cabeça. "Sra. Espíndola, você acabou de me trazer canja esta manhã. Estou cheio demais para qualquer outra coisa.”