Filha Foi Cremada! Onde Você Estava? romance Capítulo 480

Naiara viu que a pessoa que estava roubando suas coisas era Samara, alguém por quem ela nutria grande antipatia. Seu rosto imediatamente ficou frio, e sua voz, gélida, ao dizer: "Devolva-me isso!"

Enquanto falava, estendeu a mão para pegar de volta.

Samara rapidamente escondeu o objeto atrás de si, com uma expressão de quem não via problema algum, disse:

"Por que eu deveria devolver? Você nem pagou por isso. Quem pegar e pagar primeiro, leva! Vou pedir ao meu pai para comprar para mim!"

Ao terminar, imitou perfeitamente o tom de Valéria, provocando intencionalmente Naiara.

"Tia Naiara, você sabe muito bem que tudo o que eu quero, meu pai sempre me dá. Como você pretende competir comigo?"

Ao proferir essas palavras, os olhos de Samara estavam cheios de satisfação.

As palavras "meu pai" saíram de sua boca com ênfase, uma clara tentativa de exibição diante de Naiara.

Ela se orgulhava disso.

Mesmo que Zélia fosse filha biológica do pai, isso não importava.

No coração de seu pai, ela sempre seria mais importante do que Zélia.

Zélia nunca poderia competir com ela.

"Será que sua mãe nunca te ensinou o que significa prioridade? Devolva-me isso!"

Wilson chegou com bebidas quentes e viu, do lado de fora da loja, Samara pegando as coisas e ainda argumentando erroneamente.

Ele se aproximou com um olhar sério, e interveio.

Normalmente, não valeria a pena discutir com uma criança por um brinquedo.

Mas Wilson conhecia bem o caráter de Samara.

Sua educação o impedia de usar palavras mais duras, mas ele quase disse que Samara parecia uma criança sem educação, criada sem os devidos valores.

Samara sentiu um pouco da frieza que emanava de Wilson, mas ao lembrar que Jorge estava por perto, não se assustou.

Bastaria um chamado, e seu pai a protegeria.

Por causa de sua mãe.

Ela não tinha medo.

Sua mãe sempre dizia que era Naiara, essa mulher ruim, que seduzia seu pai, impossibilitando que seus pais ficassem juntos.

Se conseguisse fazer seu pai detestar Naiara novamente como antes, ele não apenas seria bom para ela, mas também para sua mãe.

Eles seriam uma família de três, inseparável.

"Tia Naiara, por que você está ajudando Zélia a disputar comigo? Não sabe que competir comigo não termina bem?"

"Dois anos atrás, ela disputou meu pai e uma doação de rim, e acabou morrendo. Agora você ainda a ajuda a competir por coisas. Não teme que ela vá para o inferno e nunca reencarne?"

Essas palavras foram aprendidas por Samara em casa, ouvindo Valéria.

Valéria, ignorada por Jorge, sempre amaldiçoava, dizendo que Naiara e a filha bastarda dela iriam juntas para o inferno.

Samara ouviu isso tantas vezes que sabia de cor.

Apesar de ter apenas sete anos, com um rostinho infantil, ela proferia as palavras mais venenosas.

"Aquela menina viada! Ela não é digna de competir comigo, você não vê?"

Seus olhos brilharam por um momento.

Logo, avistou Wilson ao lado dela. Os dois estavam próximos, ombro a ombro, numa proximidade que sugeria intimidade.

Seu semblante esfriou.

Sentiu-se desconfortável.

Essa proximidade ultrapassava os limites de uma interação social aceitável entre estranhos, e o fato de Naiara não se afastar significava que, para ela, a presença de Wilson era bem-vinda.

Esse pensamento fez Jorge querer ir até lá e afastar os dois imediatamente.

Ele deu um passo.

"Papa..."

Samara foi a primeira a perceber que Jorge se aproximava, correu para ele.

Abraçando sua cintura com carinho, ela ergueu o rosto para mostrar as marcas vermelhas deixadas pelo tapa de Naiara, e disse, magoada: "Tia Naiara me bateu, Samara está doendo."

Jorge, ao ver a marca nítida do tapa no rosto de Samara, mudou de expressão, seus olhos revelando preocupação.

Com uma mão grande, ele acariciou a cabeça dela, tentando acalmá-la, e então ergueu o olhar para Naiara, perguntando:

"Naiara, foi você quem bateu na Samara?"

"Se a conduta dos pais é inadequada, a dos filhos também será. Só lhe dei um tapa, ainda foi pouco!"

Vendo o quanto Jorge se preocupava com Samara, os olhos de Naiara só expressavam uma frieza infinita.