Filha Foi Cremada! Onde Você Estava? romance Capítulo 579

Ao perceber isso, Jorge Martins sentiu como se sua garganta estivesse sendo fortemente estrangulada.

Seus lábios se moveram repetidas vezes, como se quisesse dizer algo, mas, no final, nenhuma palavra saiu de sua boca.

Parecia que "Wilson Araújo" havia percebido algo estranho em sua reação.

Naiara Leite ergueu a cabeça do colo do homem e, com um tom manhoso, disse: "Wilson, por que você não diz nada?"

Ao ver que era Jorge, a expressão de Naiara mudou instantaneamente.

Seu olhar para ele ficou subitamente frio.

Ergueu a mão e, como se afastasse algo repugnante, empurrou Jorge com uma expressão de nojo.

Seu corpo se afastou, criando distância entre eles.

Olhando para Jorge, seu tom era de desprezo e frieza: "Jorge, por que é você?!"

A atitude de Naiara em relação a Jorge era exatamente igual à de Jorge com ela no passado.

...

A reação radical e verdadeira de Naiara foi como uma lâmina afiada cravando-se no peito de Jorge.

"Naiara, você realmente queria que fosse o Wilson?"

Jorge, porém, ainda não desistia, recusando-se a acreditar.

Naiara estava com Wilson havia apenas seis meses, ela não deveria aceitá-lo tão rápido.

Ele a fitou intensamente, tentando encontrar algum indício de mentira em seu rosto.

Mas...

"Você já sabe a resposta."

Naiara respondeu friamente, apenas com essas quatro palavras.

Mais uma vez, Jorge sentiu seu peito ser perfurado.

Ele se lembrou da reação natural e íntima de Naiara ao acordar, claramente não era a primeira vez que dividiam uma cama.

Ao pensar que Naiara já havia tido relações íntimas com Wilson, o coração de Jorge doía intensamente.

Ele conhecia Naiara.

No fundo, ela era conservadora.

Se dera esse passo, significava que, de fato, havia aceitado Wilson de corpo e alma.

Ela realmente havia se apaixonado por Wilson e já não o amava mais.

...

Naiara parecia sentir repulsa até ao olhar para Jorge.

Manteve o rosto frio o tempo todo, sentou-se na cama e desceu, pretendendo sair.

No instante em que seus pés tocaram o chão, suas pernas cederam.

"Naiara, cuidado."

Jorge prontamente segurou sua cintura, estabilizando-a.

Mas Naiara rejeitou o gesto imediatamente.

No mesmo instante em que foi abraçada, seu corpo ficou tenso.

Resistindo ao mal-estar, ela afastou a mão de Jorge: "Não me toque mais."

Jorge recolheu lentamente a mão, observando Naiara se esforçar para sair, sem tentar impedi-la, e lhe disse: "No closet tem roupas suas."

Na noite anterior, as roupas externas de Naiara haviam sido rasgadas, e as de baixo estavam completamente molhadas.

Naiara entrou no closet.

Ao ver as roupas — metade de seu tamanho, para todas as estações, inclusive acessórios —, olhou apenas de relance e, em silêncio, escolheu qualquer conjunto para vestir.

Saiu do closet.

Preparava-se para ir embora.

Ao passar pela sala, notou o sofá em completa desordem.

Seus passos vacilaram.

As cenas da noite anterior vieram involuntariamente à sua mente.

Sentia-se fraca.

Não conseguiria sair sozinha.

...

Os dois desceram juntos.

Naiara escolheu sentar-se no banco de trás.

Jorge não insistiu.

Assim que o carro saiu do condomínio, num local fácil de pegar táxi, Naiara pediu para Jorge parar.

"Jorge, sobre ontem à noite, não quero que mais ninguém saiba."

Lançando essa frase, Naiara abriu a porta e desceu.

Coincidentemente, um táxi se aproximava, e Naiara entrou nele.

O carro seguiu seu caminho.

Ao passar por uma farmácia, Naiara pediu ao motorista: "Moço, pode encostar ali na frente, por favor? Aguarde um instante, vou comprar um remédio."

Na noite anterior, Jorge não havia tomado precauções.

O motorista parou.

Naiara entrou na farmácia e comprou uma caixa de pílula do dia seguinte.

Guardou-a na bolsa, voltou ao carro e desceu ao chegar ao portão do condomínio.

Pagou e desceu.

Naiara não entrou imediatamente no condomínio. Sentou-se na área de descanso e tirou o medicamento da bolsa.

Antes de tomar, hesitou.

Não muito longe, um Maybach preto estava estacionado.

Jorge, que a havia seguido todo o caminho, viu quando Naiara comprou o remédio, viu quando ela tirou a pílula, e sua mão, sobre o volante, apertou-se gradativamente.