Filha Foi Cremada! Onde Você Estava? romance Capítulo 608

O coração de Jorge Martins se contraiu repentinamente, e sua visão ficou turva.

A dor em seu peito era tão intensa que ele mal conseguia se controlar, e sua mente ficou em branco por um breve momento.

Só voltou a si quando o som estridente de uma buzina o trouxe de volta à realidade.

Jorge então percebeu, assustado, que havia ficado distraído e não estava atento ao trânsito.

Seu carro avançou o sinal vermelho.

Viu que estava prestes a colidir com um veículo que trafegava normalmente.

Jorge rapidamente girou o volante.

O carro raspou no outro veículo, perdeu o controle e capotou, indo parar diretamente no canteiro central arborizado.

O sangue começou a escorrer lentamente de sua testa.

Jorge sentiu uma forte tontura.

Ouviu vozes ao seu redor; alguém falava com ele — era um policial de trânsito que havia se aproximado.

Ele virou a cabeça para olhar e, aos poucos, sua mente voltou a funcionar normalmente.

Empurrou a porta do carro e saiu.

Felizmente, graças ao seu reflexo rápido, além dos ferimentos que sofreu, não causou danos a mais ninguém.

O coração de Jorge já estava no hospital.

Ele não permaneceu no local do acidente; Heitor ligou, orientando-o a ir resolver os trâmites, enquanto ele mesmo parou um carro e foi o mais rápido possível para o hospital.

Durante o trajeto, o motorista, assustado ao ver Jorge coberto de sangue e com um semblante sombrio, dirigiu de maneira hesitante e cautelosa.

Finalmente, o carro parou em frente ao hospital.

Antes mesmo de o carro parar completamente, Jorge, impaciente, já havia aberto a porta, saiu com passos trôpegos e correu cambaleante para dentro do hospital.

Quando chegou ao corredor diante da sala de cirurgia, Naiara Leite já havia saído de lá de dentro.

Pálida como papel, com o rosto exausto, era amparada por Manuel Rocha.

Ao perceber a presença de Jorge, Naiara levantou lentamente o olhar.

Seus olhares se encontraram.

Jorge sentiu tanta dor que mal conseguia se manter de pé.

Com dificuldade, avançou em direção a Naiara.

Cada passo parecia pisar em lâminas afiadas.

Finalmente parou diante dela.

Instintivamente, seu olhar desceu para o ventre dela; bastou um instante para que seus olhos se enchessem de lágrimas.

Nunca mais deixaria Zélia sentir inveja de ninguém.

Tudo que os outros tivessem, ela também teria.

E até aquilo que os outros não tivessem — se ela desejasse, ele faria de tudo para realizar.

Mas todos os sonhos e esperanças de Jorge foram impiedosamente destruídos por Naiara.

Ela não lhe deu oportunidade de reparar seus erros.

Ela tirou o filho deles de forma tão decidida, cortando qualquer possibilidade de Zélia voltar.

"Jorge, achar que pode se redimir compensando esse filho é pura ilusão."

"Essa criança não é a Zélia. Zélia nunca mais voltará, e jamais poderá te perdoar."

Como Naiara não saberia o que Jorge estava pensando?

"Mesmo que não seja Zélia, ainda assim era nosso filho. Como pôde ser tão cruel, simplesmente tirar a criança assim?"

A dor nos olhos de Jorge se aprofundou ainda mais.

"Uma criança que não pode crescer num ambiente de amor, eu prefiro que não venha ao mundo."

"Jorge, não é só Zélia que não vai te perdoar. Eu também jamais vou te perdoar. E nunca mais terei um filho seu."

Naiara falou de forma definitiva.