Filha Foi Cremada! Onde Você Estava? romance Capítulo 80

O olhar profundo de Jorge, como um lago gelado, pousou nos lábios de Naiara, observando-os, roxos de frio, e então afrouxou a mão.

"Vire-se!"

Naiara lançou um olhar frio para Jorge.

"Hum."

Jorge riu baixinho, olhando para Naiara com um olhar de diversão.

Aquele olhar claramente dizia que ele já havia visto e tocado cada parte do corpo dela.

Ele se virar ou não, qual era a necessidade?

Naiara não disse nada, apenas olhou para Jorge.

Até que Jorge se virou.

Ela, então, começou a tirar as calças encharcadas.

A princípio, ainda lançava olhares furtivos para Jorge.

Vendo-o de costas, finalmente se sentiu segura para se despir.

O tecido das calças grudava em sua pele, e Naiara se curvava para lutar com elas.

O casaco deslizou de seus ombros.

Ela não sabia que a janela do carro refletia sua imagem.

Embora turva, Jorge conhecia muito bem o corpo de Naiara.

Através do vidro do carro, ao ver Naiara revelar sua figura, ele recordou das inúmeras vezes que as pernas longas, brancas e retas de Naiara se enroscavam em sua cintura.

O corpo de Naiara era macio, obediente, permitindo que ele a colocasse em várias posições, fazendo o que desejasse.

O olhar de Jorge escureceu visivelmente, e seu pomo de Adão se moveu involuntariamente.

Seus olhos estavam cheios de desejo, como se alguém tivesse derramado tinta escura neles.

Olhando para Naiara, parecia que ele poderia devorá-la a qualquer momento.

Naiara, que acabara de conseguir tirar as calças molhadas, percebeu algo.

Ela rapidamente levantou a cabeça para olhar.

Vendo Jorge ainda de costas, Naiara achou que fosse apenas sua imaginação.

Mas, no momento em que se sentou, parecia que ela se viu na janela do carro.

Naiara olhou atentamente.

Seus olhos se encontraram com os dela no vidro, além de um par de olhos profundos que pareciam querer devorá-la.

Eram de Jorge.

Os olhares dos dois se cruzaram no reflexo.

Naiara percebeu o que estava acontecendo, e seus olhos se encheram de raiva.

Os olhos do homem, cheios de desejo, mostravam um leve sorriso.

Ele se virou lentamente, sem um pingo de constrangimento por ter sido pego, olhando para ela de maneira direta e descarada.

O desejo dele por ela nunca fora escondido.

Naiara estava irritada.

Ao pensar que acabara de se despir na frente de Jorge, ficando apenas de calcinha.

Pedir para ele se virar foi como uma piada.

Ela pegou as calças molhadas e as jogou em Jorge.

"Jorge, você não tem vergonha?!"

Jorge estendeu a mão, pegou as calças e as jogou no chão, voltando a olhar Naiara. Em sua mente, a visão recente ressurgiu, e seu olhar escureceu novamente.

Naiara seguiu o olhar dele e olhou para baixo, vendo a pele branca exposta.

Maldição, o casaco havia se aberto um pouco.

Naiara rapidamente apertou o casaco ao redor de si, tentando se proteger do olhar descarado de Jorge.

Mas, por maior que fosse o casaco, ele só cobria até suas panturrilhas, deixando os tornozelos e pés expostos ao ar frio, fazendo seus dedos dos pés se encolherem. Ela ainda o olhava com desconfiança.

Os olhos profundos de Jorge passaram por ela.

Ele pegou um cobertor e o jogou sobre Naiara.

Cobriu-a completamente com o cobertor.

Seu olhar saudoso percorreu o quarto onde sua filha viveu por cinco anos.

Ali era onde os vestígios da vida de sua filha eram mais fortes.

Ela ficou olhando por um bom tempo antes de desviar o olhar.

Quando estava prestes a fechar a porta e sair, algo na escrivaninha de sua filha chamou sua atenção.

Poucas pessoas amaram Zélia desde pequena.

Naiara sempre fez o máximo para compensar isso.

Sempre foi atenciosa com Zélia.

Os pertences de sua filha eram comprados por ela mesma, e as lembranças dela eram arrumadas pessoalmente.

Ela se lembrava do que tinha levado e do que deixara.

Naquele instante, havia um álbum de desenhos a mais na escrivaninha de Zélia.

Ela tinha certeza de que não estava lá antes.

Naiara caminhou rapidamente até lá.

Parada ao lado da escrivaninha, reconheceu imediatamente o álbum de desenhos.

Era o primeiro e único álbum de desenhos que Jorge deu a Zélia.

Zélia adorava.

Cuidava com tanto carinho que nunca teve coragem de usá-lo.

Mas agora, olhando para o pacote aberto sobre a mesa, era evidente que tinha sido usado.

Quando Zélia abriu e começou a usar?

Naiara não sabia.

Incapaz de resistir, Naiara sentou-se na cadeira da escrivaninha de Zélia e abriu suavemente o álbum.

Dentro, havia desenhos de Zélia dela e de Jorge no parque de diversões.

O coração de Naiara se apertou repentinamente.