Jogos de Amor: a escolha melhor romance Capítulo 974

Logo, o quarto de hospital de Ricardo Gomes encheu-se de médicos, todos apressados e preocupados.

Raul Castro, com o rosto tenso, disse:

— Doutor, por favor, venha ver logo! O chefe parece que não está me ouvindo!

Ricardo Gomes observou aquele grupo de pessoas se aproximando, cada um fazendo seus exames com seriedade.

Eles mexiam os lábios, trocando palavras com Raul Castro, mas Ricardo Gomes não conseguia captar nada do que era dito.

Os médicos iluminaram seus ouvidos, fizeram testes de audição, mas durante todo o processo, o mundo de Ricardo permaneceu num silêncio absoluto.

Quando terminaram, começaram a conversar entre si em voz baixa, trocando impressões que ele não pôde compreender.

Raul Castro, aflito, perguntou:

— Doutor, e então?

Um médico mais velho ajeitou os óculos no rosto e explicou:

— O paciente sofreu uma fratura no osso temporal da cabeça. Isso pode ter causado danos à audição.

Raul Castro arregalou os olhos, surpreso:

— Como assim? O chefe não vai mais conseguir ouvir?

O médico hesitou:

— Não é definitivo. Pode ser que a surdez seja temporária. Só poderemos saber depois que a fratura estiver completamente curada e fizermos uma nova avaliação. Mas...

É possível também que o dano seja permanente. Na verdade, o estado emocional do paciente tem influência. Se ele estiver abatido, com emoções pesadas, isso pode se refletir fisicamente. O humor dele é muito importante.

Ao ouvir isso, Raul Castro ficou visivelmente abatido.

Como Ricardo Gomes, dono da Universal, poderia continuar trabalhando sem ouvir nada?

Assim que os médicos deixaram o quarto, restaram apenas Ricardo Gomes e Raul Castro.

Raul Castro, com o coração pesado, hesitou sobre como contar o resultado dos exames ao chefe.

Mas, no fundo, sabia que mesmo sem ouvir, Ricardo Gomes já devia imaginar a gravidade da situação.

O quarto ficou silencioso. Raul Castro pegou o celular e digitou:

“Chefe, pode ficar tranquilo. Vou procurar os melhores especialistas em otorrinolaringologia para cuidar do senhor, e sua audição vai se recuperar logo.”

Ricardo Gomes permaneceu imóvel na cama, olhando para fora da janela.

Pérola Farias se fora, e junto com ela, sua capacidade de ouvir o mundo.

Mas, afinal, ouvir ainda importava?

Sem Pérola Farias, seu mundo permaneceria em paz absoluta, sem qualquer onda, assim como o silêncio de seu próprio coração.

Se Pérola Farias pudesse voltar em segurança, ele aceitaria ser surdo e cego para sempre, sem arrependimento.

Depois de um longo tempo, Ricardo Gomes disse:

— Não conte a ninguém sobre isso por enquanto.

Raul Castro assentiu. Na família Gomes, todos tinham interesses próprios. Quem sabe o que fariam se descobrissem a deficiência de Ricardo Gomes?

Ricardo Gomes então perguntou:

— E como está o Yangyang?

— O senhor voltou ao país para tratamento. O velho Gomes trouxe o menino junto. Já contratei uma babá premiada para cuidar dele dia e noite.

Mas... Sr. Marcos acha que, já que a senhora não está mais aqui e não tem quem cuide do menino, seria melhor deixá-lo com a família Gomes.

O professor de violoncelo de Pérola, Antonio Meneses, também comparecera.

Veio ainda Pablo Casais, o colega mais velho, vestindo um terno preto e fazendo uma reverência profunda diante da lápide.

Pablo Casais nunca imaginou que tão pouco tempo após Pérola Farias viajar para o exterior, uma tragédia dessas pudesse acontecer.

Ele próprio fora quem recomendara Pérola para estudar em Berklee. No íntimo, sentia-se tomado pela culpa.

Talvez tivesse sido um erro.

Se tivesse ficado, pelo menos estaria viva.

Mas agora...

Com os olhos avermelhados, Carlos Farias ajoelhou-se diante da lápide.

A voz do jovem falhou, mas ele manteve as costas eretas, os olhos cheios de tristeza e determinação:

— Mana, vai em paz. O Yangyang perdeu a mãe, mas eu serei a mãe dele agora. Eu vou proteger ele por você!

Aquela cena emocionou todos os presentes, arrancando lágrimas de muitos.

No fim da multidão, uma mulher vestida de preto permanecia em silêncio.

Seu rosto era delicado; olhando de perto, o nariz estava um pouco avermelhado, como quem chorou.

Carlos Farias, ao vê-la, se aproximou de Olga Barbosa e sussurrou algo ao seu ouvido.

Olga Barbosa então olhou para a mulher.

— Ela se chama Ji Ruoyao, era colega minha e da sua irmã no ensino médio. Também foi sequestrada recentemente, e toda Brasília zombou dela. Depois disso, o noivado com Jarbas Ferreira foi rompido.

Só sua irmã a confortou. Pensando bem, eu não esperava que ela viesse ao funeral de Pérola.