Jogos de Sedução da lua: Despertar do Desejo romance Capítulo 4273

No café em frente ao hotel, Henrique Arruda vestia um sobretudo preto e olhava para fora da janela com uma expressão indiferente, até perceber que alguém se aproximava. Só então ele se virou e passou a encarar Iracema fixamente.

Iracema sentou-se à sua frente. Fazia apenas alguns dias que não se viam, mas parecia que já tinham se passado muitos anos. A tranquilidade e a intimidade que compartilhavam quando moravam juntos agora pareciam pertencer a uma outra vida, distante e inalcançável.

Iracema foi a primeira a falar: "Naquele dia você me perguntou por que me aproximei de você. Você estava certo, realmente havia um motivo."

"Meu pai, embora ocupe uma posição importante, não é ele quem comanda a família Valente. O verdadeiro chefe ainda é meu avô. Foi ele quem abriu o caminho para meu tio e meu pai, e também já escolheu o caminho que eu e meu primo devemos seguir. Só que, por ser teimosa, não quis aceitar um destino previsível e, por rebeldia, decidi ‘fugir’ de Cidade Costeira."

"Aparentemente, pareço estar no comando da GK no lugar da Cecília, mas, na verdade, é ela quem sustenta meus sonhos nos bastidores."

"Meu avô pode me dar liberdade, mas isso não significa que posso escolher tudo. Por exemplo, quanto ao casamento, ele já escolheu minha futura família: a família Neves."

"Da última vez, quando estourou aquele escândalo envolvendo uma mulher com o Ignácio, meu avô ficou bravo, mas mesmo assim me insinuou que eu deveria perdoá-lo."

"Foi para me opor a esse arranjo que eu fiquei com você."

O olhar de Henrique Arruda ficou ainda mais profundo. Ele assentiu lentamente e perguntou: "Por que me escolheu? Por que não escolheu o Bonifácio ou o Aureliano Fagundes?"

Iracema, já esperando que ele investigasse Bonifácio, respondeu com sinceridade: "Porque tanto a família de Bonifácio quanto a família Nunes têm histórias familiares muito complicadas. Não quero me envolver em confusão. Comparando, sua família é a mais simples. Só não imaginei que os problemas viriam de outras formas."

Henrique Arruda esboçou um sorriso amargo, quase de autopiedade. "Então, eu também sou um ‘peão descartável’."

Iracema disse: "Vamos considerar que vivemos um romance e, ao percebermos que não era para ser, terminamos, como já aconteceu outras vezes com você."

Assim que o carro partiu, Ignácio passou o braço pela cintura de Iracema e se inclinou para beijá-la.

Iracema virou o rosto. "Por favor, respeite-me."

"Nós vamos nos casar em breve, nem um carinho eu posso dar?" Ignácio olhou para ela com um sorriso ambíguo. "Permitir que a própria noiva encontre o ex-namorado e ainda ir buscá-la depois... Acho que só eu, no mundo todo, seria tão generoso."

Dizendo isso, Ignácio voltou a tentar beijá-la.

Iracema manteve o olhar frio e respondeu calmamente: "A essa hora, Madalena deve estar deitada no ninho de vocês, onde se encontraram tantas vezes, esperando o bebê nascer. Ela acaricia a barriga e diz: ‘Não tenha medo, meu bem, o papai logo volta para ver a gente. Ele não vai te abandonar.’"

Ignácio mudou de expressão imediatamente, recostando-se no banco com um olhar frio e voz cortante: "Iracema, todos nós já fomos jovens e inconsequentes, mas você sabe muito bem que, depois do nosso casamento, só poderemos ser fiéis um ao outro. Não vou mais ver Madalena. E esta também é a última vez que você vê Henrique Arruda. Não vou tocar no assunto, e quero que você também não fale mais de Madalena."